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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Olivia Gates

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A filha do príncipe, n.º 950 - abril 2017

Título original: The Desert Lord’s Baby

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9850-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

– Fazes ideia do que foi, para mim, estar longe de ti durante dois dias, com negociações que nunca mais acabavam?

A voz de Faruq soou profunda e misteriosa. As suas palavras transmitiam-lhe carinho e a sua pronúncia exótica tornava-se numa arma potente, deixando-a completamente maravilhada.

Carmen sentiu a sua presença assim que ele entrou no sótão do arranha-céus, ou até muito antes, no preciso momento em que Faruq concluiu as negociações que os mantiveram afastados durante seis semanas. Mas só durante o dia, já que era à noite que se viam, num ambiente ousado e mágico.

A partir desse momento, teriam dois dias só para eles e Carmen estava ansiosa por se voltar a entregar a ele. Mas algo tinha mudado. Não estava preparada para o ver e sentia-se inquieta e instável. Gostava mesmo muito dele.

Tinha sido tudo demasiado rápido e intenso. Precisamente na altura em que ela achava que não voltaria a apaixonar-se e a sentir-se atraída por um homem, apaixonara-se por Faruq à primeira vista e, logo na primeira noite, acabou nos seus braços. No entanto, sabia que era só uma aventura, que teriam de se despedir mais tarde ou mais cedo e que teriam de se esquecer de tudo.

À excepção daquela noite.

Olhou para a parede de vidro duplo que dava para Manhattan e contemplou a mancha escura do Central Park salpicada de luzes. Ouviu então o som dos seus pés a andar, descalços, sobre os tapetes, o sussurro da caxemira a roçar na seda e sentiu, por fim, a sua pele de encontro ao corpo imponente de Faruq. Apercebeu-se de que tinha sido tudo imaginação sua, induzida por um recanto da sua mente onde guardava todos os acontecimentos detalhados até à exaustão.

Não conseguiu virar-se para o encarar. Estava entre a espada e a parede.

Aquela iria ser a sua última noite com ele.

Gostava que aquela noite durasse para sempre, gostava de aproveitar cada segundo ao máximo e de os guardar na memória. Queria estar com ele, queria vê-lo a ser paciente, emproado, carinhoso, destemido, qualidades que, mesmo isoladas, a deixavam derretida.

Wahashtini, ya galyah – disse ele com uma voz profunda que a enterneceu.

Era uma expressão de afecto, tinha dito que tinha tido saudades suas. Sentia-se tão atraída por ele que sentiu os seus mamilos a endurecer. Não aguentava mais o algodão sobre a sua pele quente, nem o enorme vazio que sentia dentro de si. E sentiu-se ainda pior quando Faruq lhe falou.

– Por muito importante que fosse, não me devia ter afastado de ti. Agora até parece que tenho medo de te tocar, como se estivesse a chegar a um extremo.

Faruq tinha o seu corpo praticamente encostado ao dela. Carmen inspirou e sentiu o seu cheiro, impregnado de virilidade e desejo.

Afastou-lhe o seu cabelo longo com a mão, deixando à vista o seu ombro e o seu pescoço. Faruq inclinou-se e respirou fundo, inalando-a.

Começou a acariciá-la a aproximou os lábios do seu ouvido.

– Nem tinha coragem de te telefonar. Se te tivesse ouvido a dizer que tinhas saudades, teria ficado desorientado. Teria deixado tudo só para te ver.

Carmen apercebeu-se que não poderia estar com ele naquela noite.

Se continuasse ali, iria ceder e, mais tarde ou mais cedo, Faruq iria ficar a saber de tudo.

Iria ficar a saber que ela tinha ficado grávida.

E não queria que ele o soubesse.

Carmen tinha-lhe dado a certeza de que não precisavam de usar preservativos, uma vez que ela já estava protegida. Se lhe contasse, Faruq iria pensar que ela era uma mentirosa e uma fingida e que o tinha enganado. Iria sentir-se revoltado, ou ainda pior.

Ele tinha-a recebido muito bem, mas Carmen não se iria deixar iludir. Sabia que não passava de uma diversão enquanto ele travava negociações que o deixavam exausto, física e psicologicamente. Além disso, a sua oferta inicial era prova disso. Tinha-lhe proposto uma viagem à volta do mundo durante três meses, nos quais seria a sua companheira e amante. E tinha a certeza de que ele iria voltar atrás com a proposta, na sua condição de príncipe. Poderia até ter uma consequência grave, que ela não conseguia sequer imaginar.

Mas o destino tinha-lhe dado algo muito mais valioso do que o dinheiro. Carmen estremeceu. Estava tão perdida nos seus pensamentos que não se afastou a tempo dos braços de Faruq e, quando ele a abraçou, atrás de si, beijou-lhe o pescoço e sentiu um prazer que quase a fez ceder, ansiosa pelos seus beijos.

Afastou-se dele lentamente, fingindo que estava só a brincar e manteve a distância com uma pergunta sobre o seu trabalho.

– Conseguiste apresentar os teus projectos de ajuda humanitária sem que o ministro de Ashgonia dissesse que o teu país tem tantos problemas internos que não é o mais indicado para tal?

Faruq demorou a responder e, enquanto isso, tentou abraçá-la de novo.

Carmen voltou a afastar-se dele e ele olhou-a sem compreender o que se estava a passar. Pensou então que não devia ser nada de relevante, limitando-se a encolher os ombros largos.

– Fiz muito mais do que isso. Deu-me acesso total ao território de Ashgonia até um espaço de sessenta quilómetros de distância da fronteira de Damhur.

Carmen sentiu-se tão satisfeita e orgulhosa por Faruq ter sido bem sucedido que durante alguns segundos esqueceu-se de tudo o resto. Nem mesmo a ONU teria conseguido resultados tão bons.

– Oh, Faruq, isso é incrível… Vais salvar muitas vidas.

Um sorriso aflorou nos lábios sensuais de Faruq.

– Não vamos falar já de quantas vidas vamos conseguir salvar, Carmen. Como diplomata, tenho sempre de esperar pelo pior… mas chega de política. Esta noite não sou o príncipe da linhagem Masud, sou só um homem que vai passar uma noite fantástica com a mulher que se revelou a melhor coisa que podia ter conhecido na véspera dos meus anos.

De facto, era o seu aniversário. Carmen tinha ficado a saber no próprio dia e tinha saído para lhe comprar um presente, mas Faruq tinha tudo o que precisava e sentiu-se tão frustrada que desfaleceu e acabou no hospital. Descobriram que estava grávida enquanto lhe faziam as análises. Ia ter um filho dele.

Ele voltou a tentar aproximar-se e ela reagiu como antes. Os olhos de Faruq brilharam com uma súbita compreensão.

– Ah, estás naquela altura do mês? – perguntou.

Carmen achou extremamente irónico que ele achasse que ela estava menstruada. No entanto, a desculpa era perfeita e ela assentiu.

Faruq voltou a suspirar.

– Demorou mais tempo do que devia, não foi?

Ficou surpreendida com o comentário. Até àquele momento ela tinha sempre achado que era a única que tinha contado o tempo que estavam juntos e retido coisas que tinham acontecido.

– Nunca deixas de me surpreender – continuou ele, sorrindo. – Umas vezes és bastante libertina e outras és tímida. Mas, por muito que queira ir para a cama contigo, sinto-me igualmente satisfeito só de te tocar. Estás tão pálida e pareces tão cansada… Estás bem? Queres que chame o meu médico?

Faruq segurou-a pelos braços e levou-a para a enorme cama circular, coberta de lençóis de seda azuis-escuros.

Ela abanou a cabeça.

– Foi só uma cãibra.

– Deixa-me então fazer-te uma massagem. Garanto-te que, com as minhas mãos e com os óleos do meu país, as tuas dores vão desaparecer num instante.

– Não.

Carmen reagiu de uma maneira tão seca que ele a olhou, confuso.

– O que é que se passa?

Carmen tinha de lhe dizer. Não podia esperar mais. Se continuasse a adiar o momento, iria ceder aos seus encantos.

– Vou voltar para casa – respondeu.

Faruq ficou petrificado e demorou alguns segundos a responder-lhe.

– Vou voltar a perguntar… aconteceu alguma coisa?

– Nada. Quero voltar para Los Angeles.

– Porquê? – perguntou, surpreendido.

– Pensava que me podia ir embora quando me apetecesse…

– Não, não podes – disse ele. – Não sem me dares uma explicação para um pedido tão repentino.

– Não é um pedido, foi uma decisão que tomei. E também não foi repentino. Já há algum tempo que to queria dizer.

– Ah, sim?

Carmen voltou-se de costas para ele, incapaz de continuar a olhá-lo nos olhos.

– Pára com isso, Carmen. Não sei o que se passou, mas se estás zangada comigo…

– Não, não estou.

– Então diz-me o que se passa. Não é possível que te queiras ir embora. Não te vou deixar …

– Não te estava a pedir – interrompeu-o, levantando o tom de voz. – Só te estou a dizer.

– Não vais a lado nenhum até me dizeres a verdade. Se te meteste nalgum problema…

– Não me meti em nenhuma alhada.

Carmen achou que o tinha subestimado. Tinha-se esquecido que, para além de seu amante, também era um príncipe habituado a usar o seu poder para obter tudo o que quisesse. Iria pressioná-la até que ela lhe confessasse a verdade, o que não podia deixar acontecer.

Desesperada, tentou arranjar uma maneira de escapar da situação.

– Ao contrário do que pensam no teu país, onde a tua palavra é a lei, este país é livre – murmurou. – As mulheres têm os mesmos direitos que os homens, podemos procurar prazer onde nos apetecer e mudar de ideias quando quisermos.

Faruq recuou como se ela lhe tivesse dado uma bofetada.

– E tu mudaste de ideias… – ironizou. – Assim sendo, por que é tão evidente que ainda te sentes atraída por mim?

Carmen sabia que estava a perder o controlo da situação. Tinha cometido um erro ao regressar. Mas precisava de se despedir dele, de o ver uma última vez.

– Achas que me sinto atraída por ti? Sim, pois, isso é o que tu gostavas…

Faruq olhou-a com rancor, mas conteve-se.

– E que tal se parássemos com esta palhaçada? Já estou habituado a diversão, mas só dentro dos lençóis. O que se passa? Achas que nestas últimas semanas devias ter tido mais do que só a minha cama e os meus privilégios? Está bem, talvez até tenhas razão. Devia ter adivinhado. Se tiveres algum pedido a fazer… faz. Eu aceito o que quiseres.

Carmen sentiu-se magoada. Faruq julgava que não passava de uma maneira de lhe extorquir dinheiro e, no entanto, estava disposto a engolir o orgulho e a conceder-lhe o que ela quisesse.

Tinha de pôr um fim àquela situação.

– Estás enganado. Achei que me devia despedir de ti antes de me ir embora – disse. – Se soubesse que irias ser arrogante e grosseiro, teria poupado a decepção que acabaste de me dar. Foste um bom amante, Faruq, mas não és o único homem à face da terra. Gosto de variar e prefiro ir embora antes de eles se tornarem aborrecidos. Não o queria dizer por estas palavras, mas não me deste outra opção.

Carmen sentia-se muito fraca mas conseguiu agarrar a mala e sair do seu apartamento e do seu mundo.

Pensou na criança que tinha agora dentro de si, numa criança que se iria parecer-se irremediavelmente com o pai. Mas a imagem com que ficou gravada foi a de um homem hostil e quase desconhecido, e que não voltaria a ver.