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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Penny Jordan

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Amor no deserto, n.º 750 - Outubro 2014

Título original: The Sheikh’s Virgin Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2004

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5912-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo 1

 

– E então, já falaste com aquele professor de windsurf de quem te falei?

– Falei! Ele até ficou de passar no meu quarto mais tarde. Imagina só, disse que devemos ter cuidado; parece que está com medo do xeque Rashid, um dos donos do hotel, que proibiu os funcionários de se relacionarem com os hóspedes.

– E pelos vistos estás a fazer mais do que isso, não é?

– Mais, muito mais!

Sentada numa mesa confortável, desfrutando a vista da cobertura do Restaurante Marina, Petra pôde ouvir perfeitamente a conversa das duas raparigas na mesa ao lado. Entretidas com os dotes sexuais do professor, as duas tinham acabado de se levantar da mesa. O chapéu de uma delas caíra ao chão e Petra gentilmente baixou-se para apanhá-lo.

Quando se afastaram, Petra sorriu maliciosamente para si e murmurou :

– Muito obrigada! – sem saberem, as duas tinham acabado de lhe dar uma dica perfeita para conseguir o que ela mais queria nos últimos dias!

Levantou-se da mesa, cobriu os olhos ofuscados pelo sol com o chapéu e acenou para o empregado de mesa.

– Por favor – disse quando ele se aproximou. – Pode dizer-me onde ficam os professores de windsurf?

 

 

Meia hora mais tarde, Petra apanhava sol numa espreguiçadeira, cuidadosamente posicionada pelo atencioso funcionário de modo a poder admirar a estonteante vista, e de onde também podia, é claro, apreciar o professor de windsurf de quem ouvira falar ao almoço. As raparigas tinham razão para tanto entusiasmo!

Petra conhecia bem aquele tipo de homem machista bronzeado e musculoso que se julgava a si mesmo um presente dos deuses para o sexo feminino. Frequentara uma universidade americana e, desde que os pais morreram num acidente quando tinha dezassete anos, o seu padrinho, um diplomata inglês aposentado, levara-a diversas vezes para passear na Europa e na Austrália.

Mas este, em especial, era realmente um presente dos deuses!

Ele bem que poderia, se quisesse, ganhar a vida como modelo de alguma marca de calções e fatos de banho, pensou Petra enquanto sentia um estranho calor dentro de si.

Mas à medida que prestava mais atenção, via-se forçada a admitir que ele tinha qualquer coisa de diferente, algo mais.

O professor apanhava algumas pranchas de surf que estavam espalhadas na areia e, apesar da distância que os separava, Petra sentia a virilidade que aflorava naquele corpo.

Admirava os músculos dos braços iluminados pelo sol e os cabelos negros e volumosos emaranhados pela brisa. Todas as mulheres da praia deviam estar a olhar para ele e, quem sabe, a suspirar da mesma forma que ela. Ele era exactamente o que procurava. Quanto mais olhava para ele, mais se convencia disso.

Protegida pela distância que os separava, seguia-o compulsivamente com os olhos.

 

 

Mais tarde, Petra voltou à sua luxuosa suite com a cabeça a fervilhar de ideias. Ao passar pelas lojas, parou um instante para admirar um artesão a confeccionar habilidosamente uma peça de metal.

Não era de admirar que o hotel fosse aclamado mundialmente. A decoração extremamente aconchegante, os pátios internos repletos de flores, as inúmeras lojas chiques e a área de recreio com actividades típicas da região, envolviam-no numa aurea de magia estonteante.

Da janela da sua suite podia avistar um trecho da praia. O atraente professor de windsurf desaparecera no meio da tarde depois de embarcar numa lancha no cais e a última imagem que ficara dele fora o sol a brilhar nos seus espessos cabelos.

Agora, com a praia já deserta, ele voltara e estava a recolher as pranchas e os acessórios espalhados pela areia.

Era a oportunidade perfeita para ela fazer exactamente o que queria desde que ouvira a conversa das duas raparigas durante o almoço! Antes de perder a coragem, Petra pegou num blusão e abandonou o quarto.

O crepúsculo tomara conta da praia e a brisa fria fazia lembrar que, apesar do calor diurno, ainda era Inverno naquela parte do mundo.

Por alguns instantes, Petra pensou ter chegado tarde de mais, pois a praia estava deserta.

Ela encontrava-se perdida nos próprios pensamentos, contemplando o belo ancoradouro, quando se assustou com a repentina aproximação de uma sombra nas suas costas.

O dono dos seus pensamentos encontrava-se parado à sua frente, tão perto que os seus corpos quase se tocavam, deixando-a sem fôlego.

Instintivamente Petra quis afastar-se, mas num súbito ímpeto de orgulho decidiu não se mexer.

Ergueu a cabeça, respirou fundo e sentiu o seu olhar inevitavelmente atraído para a curva dos lábios dele.

O que diziam mesmo sobre homens com lábios inferiores carnudos? Que eram muito sensuais... que conheciam todos os prazeres que uma boca como aquela podia proporcionar a uma mulher?

Sentia-se atordoada. Não percebera que ele era tão alto. De onde seria? Itália? Grécia? Os seus cabelos eram muito pretos e espessos, e a sua pele, como já observara durante o dia, tinha um tom dourado. Ele vestia uma camisa branca e umas calças de ganga, e era exactamente esse traje casual que o tornava mais atraente e masculino.

A noite caía e acenderam-se lentamente minúsculas luzes por toda a baía. Petra pôde notar-lhe o brilho nos olhos quando ele a olhou, passando do desinteresse que ela jurava ter percebido no início para uma intensa concentração que a deixou quase paralisada.

Apesar de vestir uma roupa pouco insinuante, era como se ele a pudesse ver nua através das calças de ganga e da blusa. Tais sentimentos eram novos para ela e deixavam-na atordoada.

– Se pretende uma aula particular, creio que chegou um pouco tarde.

O cinismo evidente daquela declaração apanhou Petra de surpresa, fazendo-a corar.

– Na verdade, eu não preciso de aulas – retorquiu, recuperando o orgulho. Quando era adolescente aprendera windsurf e, mesmo que não lhe interessasse, atingira um nível quase profissional.

– Não? Então, do que precisa? – o tom levemente pretensioso atingiu-a com intensidade.

Petra entendia agora por que é que as mulheres ficavam tão fascinadas! Ele possuía uma aurea sexual que lhe abalava os sentidos. A sua postura extremamente segura indicava que conhecia o seu poder de sedução e sabia que podia dominá-la, se quisesse. Aquele era o homem que Petra precisava, constatou.

– Eu tenho uma proposta a fazer-lhe – declarou Petra, ignorando os seus sentimentos e olhando-o com firmeza.

Ele afastou-se um pouco e Petra pôde ver-lhe o rosto nitidamente. Agora que podia notar as suas feições, parecia um deus grego!

– Uma proposta? – o desinteresse contido na voz dele fê-la corar. – Eu não vou para a cama com quem me faz propostas – retorquiu, com desprezo. – Gosto de escolher as minhas próprias presas e não ser uma delas. Mas se estiver muito desesperada, posso indicar-lhe um lugar onde certamente terá mais sorte.

Petra sentiu os seus punhos a cerrarem-se, mas decidiu que deveria agir da maneira mais feminina possível. Controlou a vontade de esbofeteá-lo, pois assim os seus planos nunca se iriam concretizar. Pelo menos reconhecia nele a figura do predador sexual, não aquele tipo de homem que procurava a mulher da sua vida, com quem se pudesse casar. E isso era perfeito para os seus planos.

– Não é esse tipo de proposta – retorquiu.

– Não? O que é então? – quis ele saber.

– Do tipo que dá dinheiro sem ser ilegal – informou, esperando cativar a atenção daquele homem.

Nesse momento ele deu um passo para o lado e Petra percebeu que era a sua vez de mostrar o rosto na claridade das luzes do cais.

Não era vaidosa, mas sabia que os homens consideravam-na uma mulher atraente. No entanto, se aquele homem pensava assim, definitivamente não demonstrava o mínimo interesse. Petra fugiu à fria avaliação dele recuando para a penumbra e cruzou os braços.

– Parece óptimo – disse ele, lacónico. – O que tenho de fazer?

– Aborde-me e depois seduza-me. À frente de toda a gente – explicou Petra, já mais calma.

Por um segundo, pôde saborear o ar de surpresa que tomou conta do rosto do professor.

– Seduzi-la? – repetiu ele e Petra ficou desapontada com o tom de voz repentinamente frio.

– Não é a sério – apressou-se ela a esclarecer. – Eu preciso que finja que me seduziu.

– Fingir? Porquê? – perguntou sem entender. – Tem um namorado e quer deixá-lo com ciúmes? É isso? – continuou com um certo desprezo.

Petra arregalou os olhos.

– Não, não é nada disso. Eu quero que me ajude a prejudicar a minha... reputação.

Seguiu-se um momento de silêncio. Petra olhou para ele e não conseguiu decifrar o que ele pensava.

– E posso saber por que razão quer fazer isso?

– Pode querer, mas eu não pretendo contar.

– Não? Bem, nesse caso, não pretendo ajudá-la.

Ele voltou-lhe as costas e Petra sentiu um forte calafrio.

– Eu posso pagar-lhe mil dólares – ofereceu.

– Cinco mil dólares e nós talvez... quem sabe façamos um negócio – disse ele devagar, virando-se.

Cinco mil dólares. Petra sentiu a cabeça a girar. Os seus pais tinham-lhe deixado uma herança considerável, mas o dinheiro só poderia ser resgatado quando ela completasse vinte e cinco anos. Dessa forma, a única maneira de conseguir uma quantia tão alta era com a aprovação do seu padrinho que, na verdade, era um dos motivos da sua trama.

Petra abanou a cabeça desolada.

Ele virou-se e continuou a andar lentamente, já atingia o fim da praia. Daí a poucos segundos, desaparecia.

Com um gosto amargo de derrota na boca, Petra sentou-se na areia.