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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Kim Lawrence

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um segredo a descoberto, n.º 1586 - Janeiro 2015

Título original: A Secret Until Now

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6414-6

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

Volta

Prólogo

 

 

Londres, verão do ano 2008. Um hotel.

 

Os olhos de Angel habituaram-se à escuridão da suíte. Não conseguia ver o despertador, porque o corpo do homem que estava ao seu lado a impedia, contudo, a julgar pelo fio de luz que se filtrava pelas cortinas, supôs que já amanhecera.

Suspirou e lançou um olhar pelo quarto onde acordara, depois de uma noite inesquecível. Embora fosse a primeira vez que se alojava naquele hotel, os móveis pareciam ser tão familiares e deprimentes como seria de esperar. Afinal de contas, todos os hotéis eram parecidos, especialmente para uma pessoa que, durante muitos anos, dormira em dúzias de quartos como aquele.

No entanto, dessa vez, havia algo diferente. E não era a vista da varanda, nem o tamanho da cama majestosa, mas o simples facto de não estar sozinha.

O homem que tinha ao seu lado mudou de posição e ganhou a breve atenção de Angel, que ainda não estava fixa nele. Os músculos das costas ficaram ligeiramente retesados e, ao vê-los, ela tremeu. Estava tão escuro que não lhe via bem a cara, mas a respiração dele continuava a ser profunda e regular.

Devia acordá-lo?

A julgar pelas olheiras que tinha, achou que precisava de dormir. Reparara nelas quando o vira pela primeira vez. Reparara na boca carnuda e sensual, e nos olhos azuis, espetaculares. Angel não se considerava uma pessoa muito observadora, mas as circunstâncias daquele encontro tinham sido tão terríveis que o rosto dele ficara gravado na sua memória.

Ele salvara-lhe a vida. Impedira que morresse, atropelada por um autocarro.

No entanto, os seus sentimentos não tinham nada a ver com o facto de lhe ter salvado a vida. Era tão masculino que o desejo se apoderara dela desde o primeiro segundo, sem que pudesse fazer nada para o evitar. Quando dera por isso, descobrira que o seu universo, de repente, ficara reduzido àquele homem e soubera que tinha de ser dela.

O resto não importava.

Nada importava.

Angel, que sempre fora uma mulher precavida, atirara a sensatez pela janela e entregara-se a ele de uma forma completamente consciente. Não tinha desculpa. Nem sequer podia defender-se com o consumo de álcool, porque não bebera. Simplesmente, deixara-se levar por um desejo tão intenso que, até essa noite, lhe teria parecido impossível.

Certamente, o homem que estava naquela cama era terrivelmente sensual, mas conhecera muitos homens atraentes e não fora para a cama com nenhum deles. Angel não entendia o que acontecera. Só sabia que não queria lutar contra esses sentimentos e que, mesmo que quisesse, teria sido tão inútil como tentar lutar contra o seu grupo sanguíneo ou a cor dos seus olhos.

– És tão bonito… – sussurrou.

Inclinou-se sobre ele e acariciou-lhe suavemente o cabelo. Não dormira a noite toda, mas estava cheia de energia e não desejava outra coisa senão tocar nele, prová-lo e voltar a sentir o contacto daquela pele morena.

Depois de o admirar um pouco, esticou os braços acima da cabeça e espreguiçou-se com uma elegância felina, sentindo músculos de que não estivera consciente até então. Quem podia dormir depois daquilo que acontecera? Agora, sabia que o homem dos seus sonhos era bem real e que já o encontrara.

Seria o destino?

Numa outra época, a simples menção do destino teria parecido absurda. Era tão pouco romântica que, quando alguém lhe atirava isso à cara, achava que era um elogio. Não queria ser como a mãe, que se apaixonava e esquecia num abrir e fechar de olhos. Uma mulher que, apesar de despertar o instinto protetor nos homens, devido ao seu aspeto frágil, tinha um coração de aço.

Angel não causava esse tipo de emoções nos homens, mas também não queria. Para ela, a liberdade e a independência eram o mais importante. Tivera uma infância solitária e habituara-se a viver sem mais apoio senão a sua imaginação e o seu irmão, o que não significava que não albergasse fantasias sobre o amor. E agora, as suas fantasias tinham-se tornado realidade.

– És lindo – sussurrou, mais uma vez.

Chamava-se Alex. Soubera-o um pouco depois de lhe ter salvado a vida. Depois, ele interessara-se pelo seu nome e respondera que se chamava Angelina, embora todos lhe chamassem Angel porque, ao vê-la pela primeira vez, o pai dissera que parecia um anjinho.

De repente, Alex mudou de posição. E a pele brilhou como o ouro, na penumbra do quarto.

Angel teve de resistir ao impulso de lhe acariciar a barriga. Era o ser mais belo que já vira em toda a sua vida. De ombros largos e pernas compridas, não havia nele um grama de gordura que escondesse a forma dos músculos. Era tão perfeito que parecia ter saído de um livro de anatomia, mas aquela perfeição não podia ser mais real, mais calorosa ou mais intensamente viril. E, para o caso de ser pouco, estava na sua cama.

Os músculos da barriga de Angel ficaram rígidos. Alex era tão perfeito como fora na noite anterior, muito diferente do que imaginara. Não sentira dor, nem o menor indício de vergonha.

Ao pensar nisso, lembrou-se daquilo que um dos seus antigos professores escrevera no relatório académico: «Angel não tem sentido de moderação. Para ela, não há meio-termo. É tudo ou nada».

Obviamente, o seu velho professor não se referia a sexo, mas ao facto de as suas notas oscilarem entre o não satisfaz e o excelente. Contudo, pensou que a descrição encaixava com aquilo que acontecera. Entregara-se a Alex sem moderação, sem guardar nada, sem nenhuma reserva.

 

 

– Sei que não é um bom momento, mas temos um problema.

As palavras do seu colega de trabalho pareciam ser música celestial. Alex virou-se para ele e, rapidamente, perguntou:

– De que se trata?

Estavam num enterro, mas Alex não hesitou em abandonar a cerimónia fúnebre e ir para o escritório de onde, virtualmente, não saíra no último mês. Tomava banho lá, comia lá e, de vez em quando, deitava-se no sofá e descansava um pouco.

Alex era especialista em gestão de crises. Só tinha de se concentrar, evitar qualquer tipo de distração e ser eficiente, portanto, enfrentou o problema com a eficácia do costume e, depois de o solucionar, decidiu que já estava farto de dormir no escritório. Foi para casa, deitou-se e dormiu até de madrugada, altura em que voltou a levantar-se.

Foi por isso que se sentiu muito confuso quando, horas mais tarde, abriu os olhos e se encontrou num quarto desconhecido. Não se recordava de ter ido para a cama outra vez. De facto, nem sabia onde estava.

– Bom dia…

Alex pestanejou, perturbado. A voz meiga que acabara de ouvir pertencia a uma mulher linda, a mais bonita que alguma vez vira. Estava deitada junto dele e, surpreendentemente, estava nua. O cabelo preto caía como uma cortina sobre os seios.

E então lembrou-se.

O que fizera?

Cerrou os dentes, tirou os pés da cama e sentou-se, dominado por um sentimento intenso de culpa e por um desejo enorme, implacável, quase impossível de controlar. Mas não se deixaria levar pelo desejo. Por muito tentadora que aquela mulher fosse, cometera um erro ao ir para a cama com ela.

– Pensei que nunca mais ias acordar…

Alex ficou tenso, ao sentir o contacto das mãos dela na pele. Teve de fazer um esforço para se virar e olhar para ela nos olhos.

– Devias ter-me acordado – replicou. – Espero que não te tenhas sentido obrigada a ficar aqui até…

– Obrigada? – repetiu, confusa.

Ele levantou-se e começou a pegar na roupa.

– Queres que chame um táxi?

– Eu… Não entendo… – murmurou. – Pensei que, depois de ontem à noite…

Olhou para ela com frieza.

– O que aconteceu ontem à noite foi fantástico, mas não estou disponível.

Angel ficou gelada. Disponível? O que significava isso?

Voltou a sentir-se culpado, mas não queria prolongar a situação. Enganara-se e ponto final. Falar nisso não iria solucionar as coisas.

– Pensei…

Alex interrompeu-a outra vez.

– O que aconteceu ontem à noite foi uma aventura, mais nada.

– Mas…

Alex suspirou.

– Olha, já te disse que foi maravilhoso… E falei a sério. Mas também foi um erro que não deve repetir-se.

Vestiu a camisa e depois começou a vestir as calças. E então, um objeto caiu no chão, provocando um som metálico, e rodou até parar à frente de Angel, que se inclinou e pegou nele.

Era uma aliança.

– É tua?

Angel mostrou-a e ele tirou-lha com cuidado, para não tocar nela.

– És casado?

Alex quase lhe disse a verdade. Estivera casado, mas já não estava e tinha a aliança no bolso porque os colegas lhe tinham dito que devia esquecer o passado e seguir em frente com a sua vida.

No entanto, optou por mentir. Seria desagradável para ele, mas melhor para ela. Assim, iria esquecê-lo com rapidez e até teria a oportunidade de se queixar às amigas, por ter ido para a cama com um canalha.

– Eu…

– Maldito sejas! – exclamou, com um brilho de raiva nos olhos verdes.

– Lamento muito, Angel.

Ela saiu da cama, correu para a casa de banho e bateu com a porta. Uns minutos depois, quando voltou para o quarto, Alex já se fora embora.

Odiou-o com todas as suas forças. Odiou-o mais do que odiara o amante da mãe, que tentara abusar dela na adolescência. Mas não era um ódio tão intenso como o que sentia por si própria.

Como era possível que tivesse sido tão estúpida?

Ao fim de um momento, saiu do quarto. As lágrimas de raiva já tinham secado e, pelo seu aspeto, qualquer um teria dito que não se passava nada. Decidira que não voltaria a pensar nele.

Seria como se nunca tivessem ido para a cama.

Seria como se ele não existisse.

Era a única solução. Tinha de esquecer e seguir em frente.

Capítulo 1

 

 

– São a segunda maior empresa de publicidade da Europa, além de…

– E, o que tens a ganhar?

Alex estivera a ler as letras pequenas de um contrato, enquanto Nico falava, mas interrompeu-o sem amargura alguma. Afinal, era o seu único sobrinho, filho da irmã mais velha.

Nico encolheu os ombros.

– Bom, disseram que poderiam oferecer-me um estágio…

Alex acabou de ler o contrato, assinou na última página e deixou o documento em cima da mesa. Depois, recostou-se na poltrona, esticou as pernas e olhou para Nico. Ao contrário de outros membros da família, saía-lhe razoavelmente barato. Não esperara que fosse o seu banqueiro pessoal.

– Está bem, captaste a minha atenção. Estou a ouvir.

Nico decidiu ser completamente sincero com ele. Amava o tio, mas também sentia um pouco de medo. Os olhos azuis de Alex, que tanto se pareciam com os da mãe, podiam ser frios como um icebergue e davam a impressão de que viam tudo.

– Sabes que o meu pai me ofereceu trabalho – começou por dizer, – e não preciso de dizer que lhe estou muito agradecido…

– Mas?

– Mas gostaria de fazer algo que não tenha nada a ver com o facto de ser filho dele… Ou ser teu sobrinho – admitiu.

Alex assentiu.

– Respeito as tuas intenções, ainda que não entenda o teu sentido prático. Recordo-te de que nasci numa família com privilégios.

– E tornaste-te ainda mais privilegiado – brincou Nico.

Alex pensou que isso era verdade. Graças a ele, a empresa que o bisavô grego fundara recuperara ao fim de muitos anos de má gestão e transformara-se num exemplo de êxito e poder económico. Mas Alex já era milionário antes de salvar a empresa, cuja direção deixara posteriormente ao pai de Nico. Não tinha sido em vão que herdara a fortuna do bisavô russo.

– E isso é mau? – perguntou.

– Não, claro que não. Digo-o porque ninguém acredita que sejas um menino rico, que nunca trabalhou na vida.

Alex ficou em silêncio. Começava a entender a decisão do sobrinho.

– Não tens de provar nada, mas eu… – Nico respirou fundo. – Enfim, esquece. Lamento por te ter incomodado… Suponho que só queria impressionar o tipo da empresa de publicidade. Devias ter visto a cara que fez, quando lhe disse que tens uma ilha, Saronia. Os olhos dele iluminaram-se, como se fossem duas lanternas.

– Entendo que quisesses impressioná-lo mas, por que motivo te desculpas? – perguntou Alex, com desconfiança. – O teu interesse nessa empresa é de caráter romântico? Apaixonaste-te por uma das modelos?

– Não, não se trata disso.

– Então, continuas a sair com a atriz da televisão? Como se chamava? Não me lembro do nome.

– Louise, chama-se Louise – esclareceu Nico. – Teve uma infância difícil e pensa que sou um menino mimado, portanto…

– Queres provar-lhe que sabes ganhar a vida sozinho – interrompeu.

– É verdade.

Enquanto falava, Alex entrou na Internet para ver a página da empresa em questão e descobriu que representava um dos gigantes da indústria dos cosméticos.

– Vejo que gerem a campanha publicitária de um perfume – comentou.

Nico assentiu.

– Sim, mas isso é só o princípio. Tencionam fazer uma série de anúncios. Serão seis, no total, cada um com uma história diferente, como se fosse uma minissérie romântica – explicou. – De facto, contrataram um diretor de Hollywood para a dirigir, um tipo mais velho, com trinta e cinco anos.

Alex sorriu e disse com ironia:

– Assim tão velho?

Nico também sorriu.

– Querem filmar os três primeiros anúncios num lugar exótico, com praias, palmeiras e muito sol. Já sabes, a típica ilha paradisíaca.

– E pensaste em Saronia, não foi?

– Sim.

Alex achou lógico que Saronia lhes interessasse. Para além de ser um pequeno Jardim do Éden, a ilha fora o cenário onde um dos seus avôs, o mulherengo Spyros Theakis, organizara as suas lendárias festas privadas, a que assistiam muitas das estrelas de Hollywood. E, apesar do tempo que passara, as fotografias e histórias daqueles dias continuavam a dar que falar.

Infelizmente, a mansão ardera durante uma tempestade e ninguém se dera ao trabalho de a reconstruir. Em seguida, a fortuna do avô começara a desaparecer e a ilha ficara deserta.

Alex visitara-a por curiosidade, enquanto construía um hotel no continente a poucos minutos de distância, de barco. Emma acompanhara-o e ficara tão fascinada com a beleza do lugar que tinham decidido construir uma casa. Contudo, os seus planos tinham ficado suspensos quando ela ficara doente.

Meses depois de Emma falecer, Alex regressara à ilha. Tinha intenção de acampar e ficar alguns dias, mas acabara por ficar várias semanas. Naquele mesmo ano, iniciara a construção de uma casa, não tão grande como a que sonhara com Emma, mas também «não tão pequena» como a irmã dizia, a brincar.

Cada vez que precisava de descansar, ia para Saronia. Era o único sítio do mundo onde podia ter a certeza de que não haveria telefones, notícias ou fotógrafos. E, por muito que gostasse da ambição do sobrinho, não iria permitir que uma equipa de filmagens invadisse o seu santuário pessoal.

No entanto, continuou a navegar um pouco pela página de Internet da empresa. Até que, de repente, viu uma fotografia que o deixou gelado.

Era de uma mulher extraordinariamente bonita, de lábios vermelhos, cabelo escuro, sorriso atrevido e olhos intensos, cor de esmeralda. Usava um vestido dourado que se ajustava ao corpo como uma segunda pele e estava inclinada para a frente, mostrando um decote tão tentador como generoso.

– Quem é esta mulher? – perguntou Alex, em voz baixa.

– Angel. É modelo.

– Angel… – repetiu Alex, espantado. – Angelina.

A surpresa de Alex não se devia ao facto de a ter encontrado nas páginas de uma empresa de publicidade, mas ao facto de o rosto dela o ter excitado imediatamente. Tinham passado seis anos desde aquela noite no hotel e, no entanto, o seu corpo reagira como se ainda estivesse lá.

Nico arqueou uma sobrancelha, estranhando a confusão do tio.

– Certamente, viste-a numa campanha de roupa interior. Apareceu em todo o lado.

– Não, não vi…

Alex pensou que fizera algo mais do que vê-la em roupa interior. Vira-a nua, completamente nua.