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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2002 Kim Lawrence

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Falso casamento, n.º 707 - Fevereiro 2015

Título original: The Groom’s Ultimatum

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2003

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6452-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

– Estás a dormir?

Sean deteve-se ao reconhecer a voz do segundo marido da sua mãe, George Stean.

– George…?

Ao mesmo tempo que empurrava a pesada porta, agachou-se antes de entrar, mas foi demasiado tarde.

Algumas pessoas, sem dúvida, invejavam que a sua família fosse suficientemente rica para ocupar a histórica casa de Spring Hurst Hall, que até tinha um fantasma residente, mas Sean não era um deles. Achava as portas e as paredes escuras e angustiantes. As divisões pareciam demasiado pequenas, os tectos demasiado baixos e, para além disso, preferia uma casa que não deixasse alguém com mais de um metro e oitenta com uma severa dor de cabeça.

Sean Garvey, esbelto, atlético e com quase dois metros de altura, estava muito acima daquele muro de perigo.

Se deixasse de parte as suas preferências pessoais, não era muito difícil perceber porque é que aquela mansão era considerada uma das mais importantes do estilo Tudor, que se encontravam na posse de privados. Porém, nem sempre tinha sido uma casa. Tinha tido vários usos, o mais recente dos quais tinha sido um internato feminino. Então George tinha-a comprado e tinha-lhe devolvido a sua glória original. Isso tinha ocorrido há dez anos coincidindo com o seu primeiro divórcio e com o seu casamento com a mão de Sean, Hilary.

Ninguém se tinha surpreendido, e muito menos a sua nova mulher, que George se tivesse cansado de brincar a ser um rancheiro uns seis meses depois. Era um homem muito activo, que tinha construído um império do nada. Sean nunca tinha imaginado que o seu padrasto delegasse o controlo de todas as suas empresas numa outra pessoa mais jovem. Tinha sido diagnosticada à sua mãe uma doença, uns meses antes. Até ao diagnóstico, Sean estava convencido que George só abandonaria o trabalho quando morresse. Porém quando soube da doença da sua mulher não tinha tido dúvidas em dedicar-se exclusivamente a ela.

Sean nunca tinha concordado com a relação e achava George uma das pessoas mais difíceis que conhecia. Porém, se alguma vez tinha tido dúvidas sobre os sentimentos do velho pela sua segunda mulher, estas desapareceram. Nem sequer os problemas com o lançamento do seu novo canal digital o tinham feito sair do lado dela.

– Estava a dormir – confirmou Sean, enquanto entrava numa das poucas divisões que não tinha artesanato de madeira nas paredes. Estava decorada em delicados tons de pastel e tinha um suave aroma de flores, junto com todos os peluches e cosméticos, afirmavam que a sua ocupante era uma mulher que vivia das memórias da sua infância.

George concordou e voltou a pôr um velho ursito de peluche em cima da almofada.

– Dormi mal – disse com voz cansada enquanto se levantava da cama.

– Isso significa que tu também – respondeu Sean. Apesar da sua mãe contar com o cuidado de uma enfermeira durante 24 horas por dia, sabia que George não dormia se Hilary estivesse desperta.

– Quem me dera ser eu a estar doente!

Sean notou a sinceridade na sua voz e a dureza dos seus olhos cinzentos suavizou-se.

– Os dois – disse tristemente reconhecendo muito bem o desamparo que sentia o seu padrasto.

Desde que tinham diagnosticado uma leucemia à sua mãe, Sean andava a tentar conter a fúria que sentia. Na verdade, parecia-lhe que quem tinha assimilado melhor a situação tinha sido a própria Hilary. A sua força e valentia eram extraordinárias, ainda que algumas vezes se perguntasse se aquela atitude não seria só representação.

– Já o disseste à Sara? – perguntou-lhe sem reparar que aquele nome não se deveria pronunciar na presença de George. Sabia que, por muito que o magnata dos meios de comunicação tivesse dito mal da sua filha e do seu comportamento, esta seria sempre a menina dos seus olhos.

– Não – respondeu George. – É difícil dizeres algo a alguém quando não a vês acerca de dezoito meses.

– Esperas que acredite que não sabes onde está?

Sim, tal como ele achava, conhecia o George, não duvidava que ele já se tinha informado sobre a sua filha, o que incluía saber o que tinha tomado ao pequeno-almoço. As acusações de Sara sobre o facto do seu pai gostar de lhe controlar os passos talvez não fossem assim tão descabidas.

George encolheu os ombros e agarrou numa fotografia da sua filha onde aparecia como uma doce adolescente.

– Nesta altura, era muito mais fácil falar com ela.

– Vai ficar furiosa, já para não dizer que vai ficar magoada quando souber do que se passa com a mãe.

Apesar de inicialmente ter sido difícil, Sara tinha sempre gostado muito de Hilary. Sean sabia que o problema era que nem George nem Sara estavam dispostos a ceder, nem que fosse um centímetro. Os dois eram teimosos como uma mula, ainda que Sara o fosse muito mais.

Recordou a imagem de Sara, com uma grande e terna boca, uns olhos azuis esverdeados pouco frequentes. Perguntou-se se teria deixado crescer o cabelo. Da última vez que a viu o seu cabelo castanho arruivado, com reflexos dourados, estava cortado ao estilo de rapazola. Porém gostava de pensar que aqueles cabelos estavam pela cintura, como o tinha antes: uma sedosa catarata que quase chegava à cintura. E porque gostava de pensar nisso era algo que não conseguia entender…

– Já sabes que, no que se refere a essa rapariga, nunca consegui fazer nada como deve ser.

Aquilo era algo que Sean compreendia perfeitamente. Sean pensou no quão certo estava George enquanto recordava os acontecimentos do seu último encontro com aquela jovem tão impossível.

Porém não conseguia entender porque a tinha beijado. Não era que se sentisse atraído por ela. «Nem nada que se pareça!» Para começar não saía com jovenzitas de vinte e um anos nem lhe interessava ter algum tipo de relação com alguém tão volátil, mimada e pouco razoável como Sara Stean.

Talvez tivesse sido por pura frustração. Mesmo naquele momento sentia-se tenso ao lembrar-se como ela não aceitou ficar sem razões. Tinha entrado no seu escritório como uma fera e tinha começado a insultá-lo em frente aos seus clientes. Fosse qual fosse a motivação, não havia qualquer dúvida que esta tinha sido desproporcionada. Não tinha dúvidas que não voltaria a fazer nenhum favor a George no que diz respeito à sua filha.

– Sabes que voltará em seguida se lhe contas o que se passa com a minha mãe…

– Eu sei, mas estava à espera…

– Que decidisse voltar a casa por vontade própria.

– Sim, as coisas mudaram.

– Isso é exactamente o que te tenho estado a dizer.

– Não, não me referia à Hilary – sussurrou com as mãos a tremer. – A Sara está grávida.

– Isso é impossível – respondeu Sean com convicção. Não fazia ideia porque razão estava tão seguro. Sabia que Sara não podia estar grávida. Para estar grávida tinha de… não é possível – repetiu enquanto começava a passear pelo quarto.

Disse a si mesmo que a sua atitude era completamente natural. A Sara era quase como uma… uma irmã para ele. Decididamente, não prestou qualquer atenção à voz que escutava no interior da sua cabeça. Dadas as circunstâncias qualquer homem sentiria o instinto de protecção.

– Receio que não há qualquer dúvida, Sean – afirmou George. – Viram-na sair da Maternidade de São José seis vezes durante este mês.

Sean resistia em aceitar os factos que George lhe estava a apresentar. Seis vezes! Não que estivesse muito familiarizado com o assunto, mas seis vezes parecia-lhe algo excessivo. Estaria Sara a ter problemas com a sua gravidez? Decidiu não compartilhar os seus pensamentos com George. Deu-se conta que não estava a dar o apoio que o marido da sua mãe estava a precisar. Decidiu tentar animá-lo.

– Bom, George, não será a primeira mulher solteira que fica grávida. Além disso estar-te-ia a proporcionar o herdeiro que sempre quiseste.

«E isso me deixaria a mim à margem», pensou.

O rosto de George Stean alegrou-se visivelmente ao considerar as palavras do seu enteado. Então a tristeza voltou a apoderar-se dele.

– O que precisa agora é de um marido…

– Quem é o pai?

– Isso é que é o pior, Sean. Não faço a mais pequena ideia. A maldita agência disse-me que ela não tem um namorado fixo. Saiu com vários homens, mas ninguém em especial.

Uma aventura de uma noite ou até de várias noites…?

Pensou que Sara tinha sido uma estúpida. Sean pensou que talvez nem ela soubesse quem era o pai.

– Nenhuma vigilância é infalível, George.

– Bom, pois seja quem for não me parece que esteja com ela agora.

– A mamã sabe disto?

– Não, não lhe disse. Na verdade, Sean, estava à espera que tu…

– Que eu lhe dissesse? Por acaso achas que aceitará melhor a notícia se for eu a dá-la?

– Na verdade, estava a pensar em algo muito mais importante do que isso. Já sabes que eu não sou um homem limitado, Sean, não me interessa o que possam dizer as pessoas… mas um bebé precisa de um pai e de um apelido. Eu posso dar e darei ao meu neto tudo o que o dinheiro possa comprar…

– Não creio que Sara o aceite – adivinhou Sean.

– Sara nunca deve saber que eu tive algo a ver! – exclamou George, pondo-se de pé com o rosto firme.

– Algo a ver com o quê?

– O que estou a tentar dizer-te, Sean, é que estava à espera que casasses com a Sara por mim, para dares um apelido a essa criança.

Aquilo tinha de ser uma brincadeira. Examinou cuidadosamente o rosto de George, mas não encontrou nada que lhe indicasse que era brincadeira.

– Queres o quê?

– Sei que parece um pouco estranho – disse olhando para os incrédulos olhos cinzentos do seu enteado. – Mas se pensares bem não é assim tão descabido. Tu não estás apaixonado por outra mulher…

– Tenho trinta e dois anos, George. E não renunciei a encontrar… e sou o mesmo homem que te deixou as coisas bem claras há uns anos atrás.

– Bom, admito que tu não eras o homem que tinha em mente para ela. Não é que esteja a subestimar as tuas qualidades.

– Bolas! Agora sim, sinto-me melhor comigo mesmo – disse Sean cheio de ironia.

– Se ela tivesse ido para a universidade ter-se-ia relacionado com outro tipo de pessoas, pessoas preocupadas por coisas mais importantes do que fazer dinheiro.

– E muito contentes em aceitar a tua generosidade, o que, naturalmente teria um preço. O meu genro, o professor universitário… sim, estou mesmo a ver que isso soaria muito bem à hora do jantar. Santo Deus! Que snob me saíste, George! Não gosto de estragar-te o sonho, mas as ideias que tens sobre o mundo universitário estão ultrapassadas uns cem anos.

Têm tanta vontade como os restantes de cortejar o dinheiro.

– Bom, isso são águas passadas. Se queres que te diga a verdade, preocupa-me mais que ela se tenha insinuado a ti. Ameaçou-me com isso.

– Deixa-me adivinhar. Essa conversa aconteceu quando a avisaste que se mantivesse afastada de mim. Meu Deus, George! Do que estavas à espera? Se queres que a Sara faça algo só tens de a proibir de fazer!

– Estás a dizer-me que vocês…?

– Não, claro que não! – gritou Sean, perdendo a pouca paciência que lhe restava. – Por amor de Deus, George, só o fazia para enfurecer-te.

– Isso foi o que a tua mãe disse naquela altura – admitiu George – mas os homens começaram a olhá-la… eu tinha tantos planos para ela naquela altura. Fiquei despedaçado quando recusou aquele lugar em Oxford. Teve oportunidades na vida pelas quais eu teria dado tudo.

– Eu julgo que ela estava a tentar exercer a sua independência.

– E olha onde isso a levou! Precisa de alguém que tome conta dela, Sean, E não deixa que eu o faça. Repara, esse casamento não teria de durar para sempre, mas se te casares com a Sara isso dar-te-á direitos legais sobre a criança. Poderás intervir na sua educação.

– Eu, George? Não serás tu?

– Já viste onde vive? – disse-lhe George, olhando-o com dureza. – O tipo de pessoas com que se mistura? Não penso consentir que o meu neto cresça num quarto nem que encha a cabeça com parvoíces de hippies! Se tiver de ir a tribunal com ela para conseguir a custódia, demonstrar que a Sara não consegue ser mãe, fá-lo-ei. Preferia não ter de o fazer, claro, mas…

– Serias capaz de o fazer? De ires com a tua filha para a barra dos tribunais?

– Farei o que for necessário – afirmou George.

Sean estava certo que com a equipa de advogados com quem George contava, não lhe seria difícil demonstrar a incapacidade da sua filha como mãe. A pobre rapariga não teria qualquer oportunidade.

– Supondo que eu estaria suficientemente louco para aceder, o que não é seguro, o que te faz pensar que Sara se casaria comigo?

– Não te armes em modesto, rapaz. Vi o modo como te olham as mulheres.

– A Sara não é como o resto das mulheres – sussurrou Sean. Não, efectivamente Sara era uma implicante e aborrecida mulher que, por desgraça, tinha a boca mais sensual que ele jamais tinha conhecido.

– Não o saberás até que…

– A última vez que nos vimos beijei-a.

– Óptimo! – exclamou George, com um sorriso. – Já o tens quase feito. A tua mãe sempre disse que havia algo entre vocês.

– Dessa vez deu-me uma joelhada no meio das pernas… aparentemente não gostou que a beijasse.

Aquilo não era totalmente verdade, mas não podia falar daquele momento com o pai da rapariga que tinha beijado. Muito menos naquele pequeno gemido… preferia não pensar nisso. Tinha cometido o equívoco de não prestar atenção às suas próprias exigências e sentiu como as chamas do desejo começaram a percorrer-lhe o corpo… tal era o efeito que a Sara tinha sobre ele.

– Bom, pelo menos não lhe foi indiferente.

– Isso é o que eu chamaria de agarrar-se a um ferro a ferver.

– Deves saber que a tua mãe sempre teve a esperança de que acabariam juntos. Imaginas o como ela ficaria feliz se vocês os dois se casassem? Iria fazer dos seus últimos dias…

– Não vais recorrer à chantagem emocional, pois não? Porque te asseguro que…

– Recorrerei ao que for necessário – respondeu o padrasto. – Qualquer coisa, o que inclui dar-te o controlo da Stean Holdings.

– Já me ofereceste isso antes, George, e sempre o recusei – lembrou-lhe Sean. Talvez a sua companhia não tivesse o renome internacional da Stean Holdings, mas era sua.

– Desta vez não há controlos. Dar-te-ia carta branca para fazeres o que quisesses.

– Isso é demasiado bom para ser verdade, George.

– Estás a recusar? – perguntou George, incrédulo.

– Não estou à venda George! – afirmou Sean, perguntando-se o que tinham os Stean para converter um tipo normal como ele num Neandertal.