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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Caroline Anderson

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um trabalho para toda a vida, n.º 1501 - Janeiro 2016

Título original: Just Another Miracle!

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2000

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Dreamstime.com

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7701-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Ela devia ter imaginado.

Se não tivesse estado tão ocupada a observar a elegante fachada georgiana, em parte oculta pelos ramos do magnífico cedro, poderia ter prestado atenção às desesperadas advertências do seu instinto.

E agora já não adiantava mais ouvir, já tinha sido conquistada pela simetria gloriosa das muitas janelas e passara a admirar a riqueza arquitetónica da porta, com um semicírculo em vitral no cimo.

Que casa!

Era maravilhosa. Sem ostentação, sem pretensão, porém de uma beleza que lhe tirara a respiração por instantes, com o sol da manhã a iluminar os tijolos cremes e acrescentando um brilho dourado aos vidros das janelas. Por fim, conseguiu escapar ao encantamento e voltar à realidade, saiu do carro, endireitou os ombros e encaminhou-se para a entrada principal. Ouviu ruídos abafados lá dentro quando usou a antiga aldraba para bater à porta, que estava apenas encostada. Em seguida, fez-se um silêncio que foi interrompido por um riso abafado.

– Olá! Está aí alguém? – perguntou Poppy.

O riso soou outra vez e alguém o fez calar com uma reprimenda em voz baixa.

Empurrou a porta com cautela, entrou e, nesse instante, um pacote de farinha de trigo aberto caiu em cima da sua cabeça. Depois de todos aqueles anos com Tom, David e Peter, deveria ter antecipado aquilo. Mas não o fizera.

Os risos tornaram-se gargalhadas, seguidas pelo troar de passos a subir a escada.

Poppy não hesitou: atirou os sapatos para longe e correu escada acima atrás dos vilões. Uma porta bateu à sua direita, ela abriu-a e apanhou-os já dentro do armário.

– Bom dia, meninos! – cumprimentou com firmeza, arrancando-os do esconderijo.

Eram gémeos, o que se percebia de imediato. Tinham os braços e as pernas magros como é normal em muitas crianças em crescimento e, com certeza, quando dormiam, os seus rostos eram como de anjos, emoldurados pelos caracóis rebeldes… naquele momento, demonstravam entusiasmo e riam sem parar.

Poppy soltou-os, cruzou os braços e esperou até que tomassem consciência do que tinham feito. Quando o fizeram ficaram sérios, a olhar para a mulher coberta de farinha.

– Então? – perguntou ela.

– Sinto muito – disseram os dois ao mesmo tempo.

– Claro que vão sentir! Como é que se chamam?

– Eu sou o George…

– Ele é o George.

Ela virou-se para aquele que não era George.

– E tu és…?

– William.

– E há mais algum?

Eles negaram com a cabeça, tristes.

– Está bem, George e William, vocês têm uma pequena tarefa doméstica para fazer, não é? – como eles pareciam não ter entendido, ela acrescentou: – Limpar aquilo que sujaram.

Os dois baixaram a cabeça, mudos.

– Vamos descer, procurar uma vassoura, varrer tudo e depois lavar o chão. Felizmente não foi numa carpete, se fosse, vocês iam passar semanas a varrer.

Segurando-os pelos braços com firmeza, levou-os para baixo e ajudou-os a encontrar o material de limpeza, depois calçou os sapatos e foi à casa de banho limpar-se.

Era praticamente impossível. Estava coberta de farinha. Depois de remover a maior parte do pó branco dos ombros com gestos bruscos, soltou o cabelo, agora também branco, e sacudiu-o sobre o lavatório antes de o prender novamente com os ganchos.

Havia pouca semelhança entre o reflexo do espelho e a loira que costumava ser. E as suas roupas…

Era impossível causar boa impressão, e nem sequer ia tentar. O homem que arranjasse outra vítima para os seus filhos horríveis!

Saiu da casa de banho e seguiu pelo corredor, os saltos ressoavam no chão de mármore preto e branco.

– Vamos acabar isso rapidamente – disse aos meninos. – Onde está o vosso pai?

Os miúdos entraram em pânico e a raiva de Poppy diminuiu um pouco.

Um deles, talvez George, apontou.

– Na biblioteca, ali. Mas a senhora não lhe vai contar, pois não?

– Acho que isso não vai ser necessário, não achas?

Depois de responder num tom seco, ela dirigiu-se para a pesada porta de mogno que o menino indicara. Bateu e entrou.

O pai parecia não ter ouvido, ou então não prestou atenção. Quando reparou que alguém tinha entrado, levantou a mão, indicando-lhe que esperasse, e baixou-a de novo.

– Isso não é suficiente… Não, Mike, tem de ser melhor.

Poppy procurou imaginar o que não era suficiente, enquanto estudava o pai dos dois terrores que acabara de conhecer. Pelo menos, deduzia que se tratava do progenitor deles, ou a palavra correta seria perpetrador? Essa palavra costumava ser usada para quem cometia crimes. Sim, pensou, o termo perpetrador adequava-se perfeitamente.

O homem estava de costas para ela, numa cadeira giratória enorme, com os pés cruzados sobre o parapeito da janela, a falar ao telefone. Sem dúvida, era um telefonema profissional, por isso deixou que ele prosseguisse. Depois teria tempo para o que tinha a dizer.

Tentou imaginar a aparência dele, a partir do pouco que via.

Era um homem grande, isso era evidente, e definitivamente tratava-se do pai dos garotos. O cabelo era loiro como o dos meninos, mas não tinha caracóis.

Que idade teria? Trinta? Trinta e cinco? Não era mais velho do que isso. A voz era profunda, firme, voz de um homem que sabe o que quer. O cabelo era farto, sem qualquer indício de calvície. Ainda. Provavelmente, dentro de pouco tempo, ela faria com que ele ficasse sem alguns fios.

Cor dos olhos? Azuis, decidiu. Azuis e frios como a voz. O nariz deveria ter sido partido no passado, provavelmente porque ele tentara dominar algum colega de escola que demonstrara não o apreciar. Era um nariz firme, com traços definidos. Não era pessoa de sorrir muito, apesar de ter sentido de humor.

Poppy perguntou-se como conseguia imaginar essa faceta só pela conversa seca que estava a ser obrigada a escutar. Não havia humor naquele telefonema. Nenhum, mesmo.

Mas havia no anúncio, recordou. Um dos seus irmãos tinha-lhe mostrado o anúncio que vinha na revista The Lady, na noite anterior.

Onde estás tu, Mary Poppins?– lera Tom. – Somos dois miúdos muito simpáticos, só precisamos de uma mão firme e de um pouco de carinho.

– A sério? – gozara David. – Isso parece um anúncio a pedir alguém disposto a morrer.

– Eu gostaria de ter um pouco de carinho – dissera Peter.

– Tu precisas é de mão firme – comentara o pai, erguendo os olhos do jornal que lia.

– Calem-se todos! Parece interessante. De qualquer modo, esses miúdos não podem ser piores que vocês. Aqui diz: Apartamento particular, carro, boa remuneração e condições a discutir. Se cozinhares melhor do que o papá, vamos ficar eternamente gratos.

Ela baixara a revista e olhara para a família.

– Onde será este emprego? – perguntara, sonhadora.

– O que importa é quem oferece o emprego! – observara o pai. – Deve ser um viúvo ou um divorciado…

– Viva! Um pouco de interesse amoroso para a nossa irmã mais velha!

– O que tu queres dizer é sexo…

– Thomas! Já chega. E tira os pés da mesa! – Audrey Taylor empurrou os pés que o filho apoiara na mesinha de café. – O que diz mais?

Poppy franzira o nariz.

– Nada. O número de telefone é da área de Norwich. Estou tentada a responder… Seria uma boa ideia, uma maneira de ocupar o tempo até setembro.

O seu último emprego como ama tinha acabado semanas antes, quando os seus patrões tinham viajado. Fora passar o Natal na fazenda da família, em Suffolk, e chegara a hora de arranjar outro emprego até ir para a faculdade, depois do verão. Se resolvesse ir.

Interessada, lera o anúncio de novo e imaginara quem o teria redigido. Quem quer que fosse, tinha sentido de humor.

– Não custa tentar – dissera.

Pegando no jornal, saíra da sala e fora para o escritório.

Um enorme gato amarelo estava acomodado na cadeira e ela fê-lo saltar para o chão. Ofendido, ele retirou-se, com uma postura digna e com a cauda erguida, expressando o que sentia, enquanto ela marcava o número do anúncio.

Ninguém atendia. Eram oito e meia de uma noite de sexta-feira e eles deviam ter saído. Vagamente desapontada, ia desligar quando alguém ergueu o auscultador do outro lado.

– Eu já atendi!

Quando a voz aguda penetrou no seu ouvido, ela fechou os olhos.

– Olá, eu gostaria de falar com…

– O papá já vem, espere aí. Pai, é uma mulher.

– Está bem. Vão para a cama. Estou?

A voz era profunda e grave.

– Daqui fala a Mary Poppins – dissera Poppy. – Parece que está a ter dificuldades?

Houve um som contido do outro lado, que poderia ser uma risada ou um gemido de simples desespero.

– Pode dizer-se que sim – concordara ele. – Escute, não posso falar agora. Quando é que você pode começar?

Poppy ficara pasmada: seria assim tão fácil?

– Agora mesmo.

– Ótimo. Pode vir para uma entrevista amanhã cedo? Digamos às nove?

E ali estava ela, a perguntar-se como é que pôde pensar que aquele homem tinha sentido de humor. Certamente tinha sido a secretária dele quem tinha redigido o anúncio. Se assim fosse, o seu palpite estava totalmente errado. Um pouco de carinho? Aqueles meninos precisavam de algo mais do que de carinho. Precisavam de alguém com uma mão de ferro, e o homem que estava de costas para ela precisava de uma lobotomia cerebral.

Observou o tecido do fato cinzento-escuro que ele vestia. Afinal de contas, não tinha mais nada para fazer exceto esperar. Era um bom fato. Tinha aquele brilho suave característico da lã pura, talvez com um toque de seda, e dava a impressão de ser bem cortado. Talvez fosse caro demais para ser usado numa manhã de sábado, em casa e na companhia de filhos gémeos, com cerca de oito anos. Mas isso não impediu que Poppy o admirasse, imaginando como seria sentir aquele tecido fino e suave sob os dedos…

Podia descobrir-se muito sobre uma pessoa pela casa onde vivia. A casa dela, por exemplo, indicava que não resistia a uma boa feira de artigos em segunda mão. Ao ver aquela divisão tão elegante, Poppy duvidou que aquele homem alguma vez tivesse estado numa feira daquelas.

Observou em seu redor. As paredes estavam totalmente cobertas por estantes, exceto por uma grande lareira. Havia pedaços de papel na lareira e sobre ela um quadro grande, ao lado, havia um sofá confortável que tinha uma pilha de papéis de um lado e almofadas do outro. Fora isso, a divisão estava vazia, a não ser pela secretária e os livros.

Cheias a ponto de explodir, as estantes de mogno tinham a marca do tempo, mas os livros eram modernos, uma vasta coleção de volumes bem manuseados que cobriam uma eclética gama de assuntos. Ela pegou num sobre as casas de Suffolk e folheou-o.

Percebeu que ele se despedia e esperou, porém, viu-o marcar um novo número, enquanto dizia:

– Tenham paciência, meninos, já falo convosco.

Meninos?

– Com licença… – disse Poppy, fechando o livro com força.

A cadeira girou e ela enfrentou os olhos dele com altivez. Castanhos. Eram uns olhos castanhos enormes e não azuis, como imaginara. Durante um segundo ou dois, o olhar firme avaliou a roupa arruinada, depois subiu para o rosto dela e adquiriu uma expressão chocada.

– Meu Deus! O que aconteceu?

– Eu estive a fazer pão – ironizou ela. – Creio ter marcado uma entrevista consigo… O meu nome é…

– Mary Poppins. Reconheci a voz. Você está atrasada.

Ela arqueou uma sobrancelha.

– Eu cheguei a tempo, mas alguém requereu a minha atenção.

Ele pousou o telefone sobre a secretária.

– O que é que se passou? Ou seria melhor eu não saber?

– Ainda precisa de perguntar?

– Você já conheceu os gémeos – ele passou a mão pelo rosto. – Escute, sinto muito…

– Eu também. Só queria que soubesse que eles estão a limpar o que sujaram e que eu me vou embora. Adeus.

Poppy encaminhou-se para a porta, mas ele alcançou-a primeiro e estendeu a mão por cima da cabeça dela, impedindo-a de a abrir.

– Espere, por favor. Sinto muito que tenha começado assim, mas… Será que pode olhar para mim?

Ela respirou fundo e voltou-se para o encarar. Engoliu em seco. Estava acostumada a homens grandes, já que os seus irmãos eram enormes, mas eles tinham a suavidade da juventude. Aquele homem era gigantesco!

– Senhor…?

– Carmichael.

– Senhor Carmichael, enquanto o senhor está aqui encerrado na sua torre de marfim, aquelas crianças estão soltas lá fora e podem correr perigo.

– Estou perto deles.

– Sim, mas não presta a menor atenção ao que fazem. Não deve desviar a atenção deles nem por um instante…

– Como ousa entrar aqui e dizer-me o que eu devo ou não devo fazer?

– Não grite comigo só porque está com a consciência pesada! Eu ousei fazer isso porque, quando cruzei, confiante, o umbral da porta da sua casa, levei com um quilo de farinha na cabeça, graças à armadilha preparada pelos seus filhos, e o senhor não tinha a menor ideia do que eles estavam a aprontar! Deus sabe que outros horrores eles devem ter cometido por causa da sua omissão!

– Não preciso de receber lições sobre como cuidar de crianças de uma rapariga que mal deixou de ser criança! Pus um anúncio na revista porque preciso de uma ama, mas eficiente de preferência!

Poppy encarou-o, sabendo que os seus olhos lançavam chamas. Procurou controlar-se e baixou a voz.

– Bem, desejo-lhe sorte na sua procura, senhor Carmichael. Só mesmo uma pessoa muito especial conseguirá cuidar da sua família. Com licença, por favor.

Ela olhou para a mão que ainda segurava a porta, depois de um instante ele tirou a mão e abriu a porta.

Do alto do seu metro e sessenta e oito centímetros, ela cumprimentou-o friamente e saiu da biblioteca.

Os dois meninos estavam no meio de uma mistura de farinha, água e vassouras, com os olhos tão arregalados que pareciam ser do tamanho de um pires.

– Desculpa, papá – murmuraram em conjunto.

– Vou tratar de vocês mais tarde. Agora, vão para o vosso quarto!

Os miúdos correram e pararam no meio da escada para mostrar a língua. Resmungando uma imprecação, o pai avançou para a escada. Poppy notara medo por trás do ingénuo gesto de desafio e deteve-o pelo braço.

– Não faça isso – pediu, em voz baixa. – Eles só querem chamar a atenção e raiva é a última coisa de que precisam. Acalme-se um pouco e então vá conversar com eles.

Percebeu que o homem estava a travar uma luta interior. Por fim, os seus ombros relaxaram e ele assentiu.

– Você está certa, é claro. Desculpe o que aconteceu… Será que poderíamos começar de novo?

O sorriso dele era hesitante e Poppy sentiu que algo dentro dela cedia.

– Acho que é uma boa ideia – concordou, sorrindo.

O respeito surgiu nos olhos castanhos e ele estendeu a mão.

– James Carmichael.

– Poppy Taylor…

A mão dele era firme e quente. Para surpresa dela, o calor subiu pelo seu braço e chegou às faces, fazendo-a tirar a mão e enfiá-la no bolso.

– Vai salvar a minha vida, Poppy Taylor?

Ela quase se riu. Ali estava ele, muito maior do que ela, com certeza poderoso e bem-sucedido profissionalmente, reduzido a uma vítima indefesa das traquinices de dois rapazinhos!

– A situação é assim tão má?

– Nem imagina! Que tal contar-lhe tudo enquanto tomamos um café?

– Seria ótimo.

Poppy seguiu-o até à grande e antiquada cozinha, no fundo da casa. Ao entrar, fechou os olhos.

– Desculpe, mas a minha empregada está doente e a cozinha está um pouco desarrumada.

Um pouco?

Porque é que um homem que parecia tão capaz no seu trabalho era tão incompetente quando se tratava de tarefas domésticas?

Ele tirou uma pilha de roupa de uma cadeira e ofereceu-lha.

– Sente-se. Vou procurar o café.

– Não é melhor eu lavar algumas chávenas? – sugeriu ela.

Ele concordou tão depressa que Poppy quase riu.

Carmichael colocou uma chaleira ao lume, pegou num pano da loiça e enxugou as chávenas à medida que ela as lavava.

Há algo nas tarefas mais simples que remove barreiras, pensou Poppy, e esta não é uma exceção.

– Lamento, a sério, o que os miúdos fizeram – disse ele após um momento e não havia como duvidar da sua sinceridade. – Você foi muito compreensiva.

– Tenho três irmãos mais novos.

– Ah!

– Diga-me, porque está à procura de uma ama?

O sorriso dele desapareceu.

– Sou viúvo. A minha esposa morreu há cinco anos, quando os miúdos tinham três. Tínhamos uma governanta e a sobrinha dela cuidava dos rapazes durante o dia, até eles irem para a escola. Depois dessa rapariga tivemos um casal, mas não deu certo. A seguir, contratei uma sucessão de amas e a última delas… Bem, vamos apenas dizer que ela deixou o emprego em agosto, repentinamente.

– Oh!

– Oh, mesmo… Ela demitiu-se a meio das férias de verão. Consegui persuadir o diretor da escola preparatória onde estudei a aceitar os meninos a partir de setembro, mas eles não se deram bem. Matriculei-os outra vez no começo deste período, esperando que se adaptassem, mas o diretor ligou na semana passada pedindo que eu fosse buscá-los.

– Eles estavam a sentir-se infelizes?