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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Kim Lawrence

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Outro amor no seu passado, n.º 850 - Janeiro 2016

Título original: Luca’s Secretary Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7899-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

A mãe agradeceu-lhe outra vez e as pessoas que passavam por aquele lugar de Nova Iorque ficaram a olhar para eles. Formara-se um círculo em seu redor; todos pareciam querer ouvir como aquela mulher lhe agradecia por ter salvo a vida do seu filho.

No entanto, o menino em questão, de uns cinco anos, mais ou menos, não parecia muito agradecido, já que dera um pontapé ao homem que o tinha salvo de morrer atropelado.

Luca forçou um sorriso enquanto afastava o menino e perguntava para si qual seria o lado positivo em ser pai. Gostava de crianças, embora nenhum filho seu fizesse algo tão horrível como morder alguém. Porém, não tinha nenhum interesse especial em ser pai, pelo menos não agora. Apesar de ter fama de ser uma pessoa irreverente, as suas ideias sobre o casamento e a família eram bastante tradicionais. Embora ainda não tivesse conhecido nenhuma mulher com quem desejasse partilhar o resto da sua vida.

Luca vinha de uma família de irlandeses e italianos e os seus familiares sempre lhe tinham deixado claro que uma das suas obrigações na vida era casar-se e ter filhos, mas ele não tinha pressa. Tinha trinta anos e, quando os seus pais lhe reprovavam por continuar solteiro, ele recordava-lhes que tinha um irmão de trinta e dois anos, Roman, que também ainda não era casado.

Luca adoraria cumprir com o seu papel de tio, pois não implicaria demasiados sacrifícios para ele. Infelizmente, era improvável que o seu irmão se casasse, já que não havia nenhuma candidata por perto.

A não ser que Alice, a sua secretária, sempre fiel e serviçal, pudesse ser uma possível candidata. Era evidente que aquela mulher gostaria muito de se casar com o seu chefe. Luca abanou a cabeça enquanto recordava dos seus olhos cinzentos e cabelo loiro encaracolado.

De repente, o menino, que ainda estava a segurar, soltou-se e regressou para junto da sua mãe.

– Odeio-te! – gritou-lhe, atrás da sua mãe.

– Tu também não me agradas muito – respondeu ele.

O seu irmão não podia casar-se com a sua secretária… Não estava apaixonado por ela, embora Roman não parecesse interessar-se muito pelo amor. Tornara-se bastante cínico com os anos e talvez fosse capaz de se casar sem estar apaixonado, algo que, há uns anos teria sido impensável.

O seu irmão tinha-lhe deixado clara a visão pessimista e desiludida que tinha a respeito daquele assunto; tinha-o confessado numa conversa recente na festa de aniversário dos seus pais. O seu pai não tinha desperdiçado a oportunidade para abordar o seu assunto favorito.

Mais tarde, tinham saído para passear junto ao lago que havia nas suas extensas terras da Irlanda.

– O papá foi muito subtil, não achas? – comentara Luca.

– Como sempre, suponho, embora acredite que tenha alguma razão – Roman deteve-se e apanhou uma pedra do chão. Depois, atirou-a à água. – O importante para um bom lançamento é o pulso.

– Não me digas – Luca agitou os braços de forma exagerada ao ver como a sua pedra superava a do seu irmão. Roman sorriu perante aquele gesto que recordava a rivalidade que sempre houvera entre eles. – Já não és o que eras, Roman. Estiveste a esconder-me alguma coisa? Por acaso há alguém novo na tua vida?

– Alguém?

– Apaixonaste-te? Achas que os nossos pais não aprovarão a relação? Isso seria muito interessante. Deus, não é casada, pois não?

– Achas que estar apaixonado é uma boa razão para casar?

– Nunca tinha parado para pensar nisso, suponho que para ti não seja.

– O amor é um estado de loucura transitória e a loucura não é uma boa condição para realizar nenhum tipo de contrato, e isso é o que o casamento é, um contrato.

Luca não se considerava um homem muito romântico, contudo, aquela descrição do casamento pareceu-lhe excessivamente fria.

– Então e não pensas em encontrar a tua cara metade, a tua alma-gémea?

– Precisas de uma alma-gémea para te sentires completo? Não digas tolices!

– Eu sinto-me completo, mas, imagina o que seria do papá sem a mamã, ou da mamã sem o papá?

– Há algumas excepções – reconheceu Roman, muito contrariado. – Eu bem tentei procurar a minha cara metade, mas, caso não te recordas, as coisas não correram bem.

Luca tocou-lhe no ombro.

– Não me digas que o facto de te deixarem plantado no altar uma vez te transformou num solteiro ressentido que despreza o casamento?

– Não te preocupes, vou casar-me, embora o amor não seja algo imprescindível para dizer «o sim». De facto, será dispensável, por isso, o que importa casar-me agora ou dentro de cinco anos?

E se o seu irmão falava a sério? E se estava à procura da futura mãe dos seus filhos? E se estava a pensar em Alice Trevelyan?

Uma coisa dessas era absurda. Era evidente que Alice não era a mulher adequada para o seu irmão. Luca não conseguia encontrar razões que justificassem aquela afirmação, todavia, o seu instinto dizia-lho, e havia alturas em que o instinto era mais poderoso que a razão.

A secretária do seu irmão era uma mulher muito bonita, era a mulher mais sensual que Luca tinha conhecido. Não usava roupa justa nem saias curtas, no entanto, apesar da sua roupa formal e recatada, tinha sempre um aspecto muito provocador.

Era difícil conformar-se só em olhar para ela, Alice era uma mulher que qualquer homem desejaria tocar, incluindo ele próprio. Luca não se aproximava de nenhuma mulher que tivesse qualquer relação com o seu irmão, mas vê-la atravessar o escritório era suficiente para desejar ter algo com ela.

Não queria estragar a relação que o seu irmão e aquela mulher mantinham por um forte desejo carnal.

Embora Luca tivesse a certeza de que Roman também desejava Alice, ele nunca soubera muito bem que relação existia entre ambos. Pareciam entender-se muito bem no trabalho, mas, entender-se-iam também bem na cama?

Luca nunca o perguntara ao seu irmão e não estava disposto a fazê-lo. Se Roman decidia misturar o trabalho com o prazer, não lhe dizia respeito.

Alguém lhe deu uma palmadinha nas costas, fazendo-o voltar ao presente.

– Mereces uma medalha, amigo – Luca assentiu, enquanto pensava que o que devia fazer realmente era sair daquele lugar o mais rápidamente possível. Cada vez havia mais gente em seu redor e a última coisa que queria fazer era atrair a atenção das pessoas. Esforçava-se por se manter à margem, para que ninguém reparasse nele, embora não trivesse muito sucesso nisso.

Luca pensou nas manchetes; talvez tivesse algo a ver com o seu passado como jornalista. Tinham-se passado já dez anos desde que trabalhara num jornal nacional e o seu instinto jornalístico a respeito do que ia acontecer ainda não o tinha abandonado.

Se o seu pai não tivesse sofrido aquele ataque de coração, talvez ele ainda estivesse a trabalhar no jornal. Finn O’Hagan tivera que se reformar e Roman, um perito em finanças, ficara a cargo da empresa familiar.

Antes de sofrer o enfarte, Finn pensara, durante um tempo, em desfazer-se da editora americana que herdara de um tio e que tinha deixado de ser rentável. Tinha-a mantido por razões sentimentais durante muito tempo e Luca tinha acedido em pedir um ano de licença para pôr tudo em ordem e preparar a empresa para a venda.

No entanto, algo surpreendente acontecera. Luca gostara muito de trabalhar na empresa e o seu entusiasmo fizera sentir-se bem.

No final daquele ano, conseguiram que a empresa saldasse todas as suas dívidas e que um novo escritor com grande fama assinasse contrato com eles, o que tinha atraído outros escritores conhecidos. O império O’Hagan tinha mudado radicalmente e, naquele momento, tinham sucursais em Sidney, Londres e Dublin. Além disso, Luca continuava a gostar do seu trabalho.

Nesse momento, chegou o pai do menino e a mulher voltou a chorar, enquanto lhe explicava o que acontecera. O pai ficou paralisado e Luca aproveitou aquele instante para se afastar dali. Tentou esconder-se atrás da multidão, apesar de, com um metro e noventa e cinco de altura, ser difícil passar despercebido.

Mesmo assim, conseguiu sair dali sem problemas. Quando já estava longe da multidão, tocou o telefone: era o seu irmão.

– Continua de pé o programa para esta noite? – perguntou-lhe Roman assim que Luca atendeu.

Ele olhou para as horas.

– É claro, embora ainda tenha que ver Hennessey. Talvez chegue um pouco tarde.

– Estará a bonita Ingrid contigo também?

– Que engraçado!

– É uma mulher bastante tenaz, não achas? Gosta muito de fazer publicidade a si própria.

– Tu falaste-lhe de mim?

– Eu? Como podes suspeitar de mim? O meu orgulho está ferido. Nem o meu próprio irmão confia em mim!

– Dio mio! És perverso, é o que és.

– Tens que entender, Luca: aquela mulher não parava de falar em casamento e, de repente, encontrei a solução… Afinal de contas, gostas muito de loiras, sobretudo as esbeltas, de aspecto nórdico. Por isso, disse-lhe que normalmente te convidavam para as festas mais selectas e que és muito mais fotogénico que eu e tinhas uma grande reputação, sobretudo nos Estados Unidos.

– Portanto, tu já sabias que era lésbica.

Roman esteve prestes a engasgar-se.

– Também te pediu que lhe doasses o teu esperma?

– Sim – admitiu Luca, com uma careta. – Embora me deixasse muito claro que só estaria interessada se os exames médicos revelassem que tinha uma boa saúde.

– E eu pensava que me tinha escolhido a mim, que era especial para ela… – refilou o seu irmão, com um tom brincalhão. – A respeito desta noite, não te preocupes, Alice e eu, provavelmente, também chegaremos tarde. Queria advertir-te que, certamente, Alice acreditou na versão que as revistas publicaram sobre ti e Ingrid.

E tu não te incomodaste em contar-lhe a verdade?

– Sinceramente, nem me passou pela cabeça. Pensa que estou a ser muito forte.

– És perverso…

– Ela pensa que és um Don Juan sem coração – disse-lhe o seu irmão, sem se incomodar em ocultar-lhe o quanto aquilo o divertia.

– Então, Alice virá esta noite?

– É claro que virá, ela é como se fosse da família.

Uns segundos depois, Luca guardou o telemóvel no bolso e recordou as palavras do seu irmão: Alice era como se fosse da família… Luca abanou a cabeça. Não estaria a ficar obcecado com o assunto?

 

 

Luca lembrou-se a si mesmo que, mesmo que Roman lho pedisse, Alice podia responder-lhe que não. Embora não fosse provável que a mulher que tinha tirado uma navalha a um louco para salvar o seu chefe, lhe dissesse que não a um pedido de casamento.

Seria tão mau que Alice Trevelyan se convertesse na sua cunhada?

Luca sentiu que um calafrio percorria todo o seu corpo; estava claro que a ideia não lhe agradava nada. Sabia que, se não conseguisse encontrar outra noiva para Roman, ele teria que se casar com ela.

 

 

– Quer beber algo enquanto espera? – perguntou-lhe o empregado.

Alice não estava habituada a beber, porém, pensou que um copo de vinho a ajudaria a aguentar a situação.

Afinal de contas, se se tivesse recusado… Seria tão difícil dizer não? Bebeu um gole de vinho enquanto tentava consolar-se. Não era a única a quem custava dizer que não ao seu chefe. O seu chefe tinha a fama de conseguir que as pessoas lhe dissessem sempre sim.

Bebia devagar, não queria acabar a noite embriagada. Continuava sozinha naquele hotel distinto de Nova Iorque e rodeada de casais. Naquele momento, era-lhe difícil não pensar que era a única pessoa daquele lugar que não tinha acompanhante. Levou a mão ao peito, procurando a aliança que tinha pendurado num fio desde o dia em que a sua mãe olhara para ela, preocupada, e lhe dissera que tinha medo de que nunca se esquecesse do passado.

– Ainda és muito jovem, Alice, e sabes tão bem como eu que Mark teria gostado que refizesses a tua vida – não custou a Alice recordar aquelas palavras da sua mãe.

Ao reparar que não o trouxera, sentiu-se nua, mais do que se sentia por ter vestido aquele vestido curto que a obrigara a tirar o fio.

Alice afastou o olhar ao ver que o casal que estava sentado junto dela acariciava as mãos. Não gostava de se deixar levar pela pena, por isso, pensou nas vantagens que tinha não ter parceiro, e uma das melhores era ter aquela cama enorme só para ela.

Roman era difícil em algumas coisas, no entanto, era muito generoso. Tinha-a alojado num quarto muito luxuoso, ao lado do dele.

Alice ficou a olhar para o copo vazio e pensou que talvez tivesse bebido demasiado, no entanto, os embriagados não se sentiam felizes e com vontade de cantar e dançar?

Mas ela não se sentia sim.

A noite prometia pôr à prova toda a sua capacidade de auto-controlo. Não tinha vontade de passar umas horas com uma pessoa que parecia possuir um ego que correspondia a todo um país.

Era irónico pensar que ia jantar com um solteiro que, não só tinha fama de rico e inteligente, como também era tão bonito, que todas as mulheres saltariam de alegria ao saber que iam jantar com ele e, no entanto, para ela, era como um castigo.

Embora a maioria das mulheres, entre as quais Alice não se encontrava, não soubessem como Luca O’Hagan era desagradável na realidade. Alice teria preferido ir ao dentista a ter que jantar com o irmão do seu chefe.