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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2015 Kim Lawrence

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma namorada diferente, n.º 1662 - Fevereiro 2016

Título original: The Sins of Sebastian Rey-Defoe

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7926-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

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Prólogo

 

Blaisdon Gazette. 17 de novembro de 1990.

 

Hoje de manhã, o porta-voz do hospital comunicou que dois bebés, que se acredita serem gémeos, encontrados ontem nos degraus da igreja St. Benedict, estão em estado delicado, porém, estável. A polícia ainda procura a mãe, que também pode estar a precisar de cuidados médicos.

 

London Reporter. 17 de novembro de 1990.

 

A pedra angular da nova ala do hospital foi inaugurada pelo neto do falecido Sebastian Rey, que recebeu o nome do avô, um grande filantropo. Substituindo o pai, cujos deveres de capitão da equipa nacional de polo da Argentina o impediram de comparecer à cerimónia, Sebastian Rey-Defoe, de sete anos, é também filho da inglesa lady Sylvia Defoe. Sebastian herdará os biliões da família Rey e a propriedade Mandeville Hall, em Inglaterra. O rapaz sofreu apenas ferimentos leves no acidente que vitimou o avô.

 

14 de fevereiro de 2008.

 

– Suponho que existe uma razão para estar hospedado num lugar chamado Pink Unicorn, não é?

Não era um nome que inspirasse exatamente uma decoração minimalista e nem sequer um nome que Seb conseguisse pronunciar sem fazer uma careta de reprovação.

– Desculpa – desculpou-se a assistente irritante, fingindo não ter entendido o sarcasmo. – Mas é Dia dos Namorados e não há um local num raio de trinta quilómetros da escola de Fleur que já não esteja esgotado. Esta região é considerada muito romântica. No entanto, não te preocupes, não é contagioso. E é, acredita, um hotel muito recomendado pela crítica especializada, cinco estrelas... Não é uma espelunca. E o teu quarto é... Como estava descrito na página de internet? Ah, sim, charmoso, decorado com brilhos e...

– Oh, meu Deus! – exclamou ele. Com um metro e noventa e cinco, Sebastian não se via como o hóspede ideal para um ambiente brilhante e charmoso. A sua assistente queria puni-lo por alguma razão?

– Não sejas tão resmungão! Tiveste muita sorte por ter havido um cancelamento de última hora no Pink Unicorn.

– Eu já despedi pessoas por muito menos do que isso. Eu sou um individuo sem alma, sabes disso não sabes? – no mês anterior, o colunista de um jornal de grande circulação insinuara que a fortuna de Seb não seria tão sólida se não fosse a sua tendência para infringir regras e agir sem grande apreço pela lealdade.

– E onde encontrarias uma assistente que entende o teu sentido de humor estranho?

– Achas que estou a brincar?

– Ou alguém tão eficiente como eu, que não chora quando é repreendida e não se apaixona perdidamente por ti?

Seb reprimiu um sorriso e, com resignação na voz, resmungou:

– Quem é que dá o nome Pink Unicorn a um hotel?

Bem, agora, Seb sabia: eram as mesmas pessoas que obrigavam um pobre violonista a sentar-se num estrado naquela noite de fevereiro em que o hemisfério norte celebrava o Dia dos Namorados. O músico, que tocava canções românticas lamentavelmente vulgares para os casais que passavam, tinha apenas um braseiro para o aquecer e algumas lanternas chinesas como companhia e ainda fora obrigado, a título de humilhação final, a usar uma fantasia ridícula que lembrava um traje típico espanhol, mas que nenhum espanhol usaria.

Sebastian fez uma careta. Se aquilo era romance, que Deus o livrasse para sempre!

Era uma visão revoltante, mas, provavelmente, um final apropriado, pensou ele, para um dia cujo ponto alto fora receber uma multa de estacionamento.

Aquele devia ter sido um bom dia, um momento de celebração. A sua meia-irmã, de treze anos, ganhara o prémio na feira de ciências da escola e, contrariando todas as suas excentricidades, a mãe deles, lady Sylvia Defoe, comparecera à cerimónia da entrega dos prémios, numa rara demonstração de apoio materno.

Ele devia saber que isso aconteceria. Quando a mãe entrara na sala, as conversas tinham cessado, todos os presentes tinham concentrado a sua atenção nela e Seb fora quase sugado pelo ar de «cuidado maternal».

Até, dando um passo para trás depois do abraço entre mãe e filha, lady Sylvia Defoe analisar o rosto da menina e dar alguns conselhos, num tom de voz alto, sobre cuidados com a pele, salientando o facto de que ela nunca tivera acne ou uma mancha sequer. Depois, como era de esperar e como se já não tivesse traumatizado a filha o suficiente, começara a seduzir cada criatura do sexo masculino que despertasse o seu interesse, enquanto a menina se encolhia e desejava estar noutro lugar. Seb, que já passara por tudo isso, sentiu a dor da meia-irmã, à medida que a sua própria raiva ganhava forma.

O ponto alto dera-se quando encontrara a mãe numa sala de aula, num abraço muito íntimo, com o professor de biologia recém-casado. As portas estavam abertas, qualquer um poderia ter visto, mas talvez essa fosse a ideia. A mãe adorava chamar a atenção.

Oferecendo, ao homem envergonhado, um lenço para limpar o batom que espalhara pelo seu rosto corado, sugerira que o professor poderia querer voltar para a sua esposa. Seb esperara até ele, agradecido, deixar a sala de aula, antes de perguntar à mãe, que desperdiçava qualquer traço de subtileza, o que pensava que estava a fazer.

– Não sei porque estás zangado, Seb, o que foi? – perguntara ela. – Porque não posso divertir-me um pouco? O teu pai teve um caso com aquela mulher horrorosa... – e soluçara, como se tivesse o coração partido, e deixara que as lágrimas, que ela conseguia produzir quando queria, caíssem.

– Já ouvi tudo isso antes, mãe, e não espere qualquer simpatia da minha parte. Divorcia-te, tem casos, volta a casar-te... estou farto deste círculo vicioso. Mas se envergonhares Fleur, estás acabada para mim.

As lágrimas tinham cessado e, na verdade, parecia quase assustada. Mesmo sabendo que aquilo não duraria muito, sentia-se mal por ter falado daquele modo.

– Não estás a falar a sério, Seb.

A ponto de se retratar, ele voltara atrás.

– Cada palavra que disse foi a sério – mentira. Não importava o que ela fizesse, seria sempre a sua mãe. Mas Fleur precisava de ser protegida. – Pelo menos pensas nas pessoas que magoas quando fazes apenas o que desejas? – analisara o rosto bonito da mãe por um instante, antes de abanar a cabeça. – Desculpa, foi uma pergunta idiota.

Com uma careta que fez várias mulheres encará-lo, Seb voltara ao hotel e olhara para a entrada, que fora decorada para a ocasião com, surpresa, guirlandas de rosas vermelhas. Se tivesse uma daquelas coisas ridículas no seu travesseiro, iria... Seb suspirou e pensou, qual era o sentido? O resto do mundo estava tão envolvido na fábula do romance que uma única voz racional seria perdida na tagarelice sem sentido.

Permitindo-se um sorriso superior, virou a cabeça para limpar do seu ombro o montinho de neve que começara a cair. A noite devia acabar com alguns casos de atentado ao pudor, pensou ele, enquanto passava o seu olhar cínico por cima das cabeças dos grupos de casais. O desprezo leve gravado nas suas feições aristocráticas deu lugar a uma expressão chocada quando o seu olhar foi arrebatado.

Enquanto olhava fixamente, o calor que começou no seu peito espalhou-se por todo o seu corpo como um fogo incontrolável, escurecendo o castanho intenso dos seus olhos emoldurados por sobrancelhas bem delineadas, quase tão escuras quanto as suas madeixas de cabelo preto.

Seb não percebeu o que vestia a mulher que capturara o seu olhar, só que era algo vagamente azul e que teria gostado de a ver sem isso. Era dona de um corpo sensacional, dotado de curvas sinuosas e pernas sem fim. A luxúria tomou conta dele quando a viu, o seu corpo, inegável e persistentemente, reagiu ao dela, enquanto o seu olhar, quente e cheio de desejo, percorria aquelas curvas deleitáveis. E, então, fixou-se no rosto dela.

A ideia de a reconhecer era louca, porque Seb nunca imaginara uma mulher parecida com ela e muito menos conhecera alguém assim. O seu rosto era perfeitamente ovalado. Contudo, não foi a simetria das suas feições que prendeu a sua atenção ou aumentou o seu desejo, mas a sua expressão. Ela ria-se ao observar a neve a cair, com a cabeça inclinada para trás, revelando um pouco do seu pescoço comprido e gracioso.

Os seus lábios eram cheios e os seus olhos grandes brilhavam, iluminados sob a luz das lanternas. O cabelo dela era uma explosão de cores tempestuosas, dourado, vermelho, depois dourado novamente, e as madeixas caíam pelas suas costas magras até quase à cintura.

Uma corrente de ar frio atingiu-o, quebrando o feitiço que o manteve imóvel por segundos incontáveis. Fechando os olhos o suficiente para dar tempo ao seu sistema nervoso para recuperar da explosão de sensualidade que era aquela ruiva, Seb passou a mão pelo cabelo escuro e soltou o ar que estava preso no seu peito num sussurro vagaroso e sibilante.

Olhou para ela novamente, já a distanciar-se da reação inicial, incontrolável e visceral. Fora um longo dia e ele estava há muito tempo sem... Havia algumas coisas, pensou Seb, que um homem não pode deixar a cargo da sua assistente pessoal para serem resolvidas... Como uma vida, por exemplo...?

No instante em que Seb fazia uma nota mental para se lembrar de libertar o seu fim de semana e decidir com quem poderia compartilhá-lo, pois essa parte nunca fora complicada para ele, a risada da mulher ruiva alcançou-o. Baixa e rouca, tinha uma qualidade tátil deliciosa. Era como um dedo a percorrer a espinha.

Não habituado à inveja, experimentou algo parecido com essa emoção, quando voltou o seu olhar crítico e hostil para o homem que despertara aquela risada. Marido... Amante...? Enquanto esse pensamento o torturava, o homem em questão virou-se e pôs a mão sob o queixo da sua parceira, puxando o seu rosto para ele.

Dessa vez, a sensação de reconhecimento que Seb experimentou não foi uma surpresa: o homem sortudo era o marido da médica local. Alice Drummond era uma mulher para quem Seb dispunha de tempo. Ela fazia malabarismos entre uma carreira exigente, com dois filhos e um marido que, aos 20 anos, escrevera um livro que alguém classificara como perspicaz e que era a soma total das suas realizações até ao momento. Um homem que ainda vivia de elogios do passado.

Quando não estava envolvido em fins de semana românticos com ruivas de pernas estonteantes.

Não era um problema dele se um colega estava a trair a mulher com alguma... Cerrando os dentes, Seb virou-se. Então, ela riu-se mais uma vez. O som tão leve, tão despreocupado, tão perigosamente sensual que alguma coisa se retorceu dentro dele. Primeiro, a mãe e, agora, aquela mulher... Outra bela mulher egoísta que não se importava com os efeitos colaterais que causava enquanto se divertia, deixando um rasto de corações partidos e casamentos acabados na sua caminhada destrutiva.

Num canto da sua mente, havia sanidade suficiente para o fazer saber que aquilo não era uma boa ideia, mas era um mero sussurro quando comparado com o barulho de indignação que martelava no seu cérebro, enquanto Seb caminhava pela relva, acolhendo a raiva que era mais fria do que a neve que agora caía em abundância.

– Então, Alice não pôde vir hoje à noite, Adrian...?

Mari lutou para manter o equilíbrio quando Adrian a soltou. Ele empurrara?

Adrian não viu a sua expressão inquisidora e magoada. A sua atenção estava no dono da voz profunda e rude. Mari virou a cabeça a fim de trazer o homem para o seu horizonte.

Antes de absorver os detalhes daquele estranho alto, de corpo impressionantemente atlético, que usava um fato caro e era dono de um rosto que misturava arrogância e beleza, Mari sentiu o poder indomável que exalava.

Sentiu-se como se um espinho se afundasse na sua pele quando ele a enfrentou com olhos que mais pareciam duas pedras negras.

O aperto no peito diminuiu quando conseguiu quebrar o contacto com aqueles olhos escuros e penetrantes e que pertenciam ao homem dono da beleza mais incrível que já vira.

Ao lado dele, o misterioso Adrian, por quem se apaixonara enquanto lia poesia com a sua voz bonita, parecia menos bonito, quase... suave... Afastou o pensamento desleal e esperou que Adrian a apresentasse. Diria que era a sua namorada? Aquela seria a primeira vez. Na faculdade, precisavam de ser discretos. Relacionamentos amorosos entre estudantes e professores não eram vistos com bons olhos, apesar de Adrian afirmar que aconteciam imensas vezes.

Por algum motivo, o facto de ela ser ainda mais bonita vista de perto aumentou consideravelmente a raiva de Seb. Os olhos dela, como os de um gatinho, eram de um tom violeta profundo, que ele nunca vira, a boca era exuberante, feita para despertar desejo, e a sua pele macia era quase translúcida... Segundo parecia, as ladras de marido podiam ter sardas. Esse detalhe amenizava a aparência de predadora sensual, transformando-a num poço de inocência, profundamente enganador.

– Senhor... Seb... Bem, esta é... é... é...

Ele deixou o idiota a sofrer por um momento, antes de dizer, com ironia:

– Tudo bem?

– Isto não é o que parece – o marido traidor deu outro passo para se distanciar da rapariga que estava ali parada, linda e paralisada. Poderia ser confundida com uma estátua.

A música parara e todas as pessoas à volta deles, sentindo a atmosfera dramática, fingiram ocupar-se, surdas à conversa, mas atentas a cada palavra. A rapariga aproximou-se do amante, que ergueu a mão, como se quisesse afastá-la. Como resposta, ela ficou petrificada diante da rejeição e os olhos imensos mostraram mágoa e confusão. Seb pensava em Alice, que trabalhava arduamente, em todas as Alices que havia pelo mundo, e livrou-se da semente da tristeza antes de se enraizar na sua cabeça.

– Alice... Sabes, a tua esposa... Está a trabalhar ou a cuidar das crianças? Como é que aquela mulher consegue fazer tantas coisas? – abanou a cabeça, com admiração estupefacta, e prosseguiu. – Uma médica ocupada, mãe de duas crianças com um marido que a trai?

Mari esperou que Adrian dissesse alguma coisa e desejou que o fizesse. Esperou que dissesse àquele homem terrível, que aparecera vindo do nada, como algum tipo de anjo sombrio e vingador, num mundo onde os anjos vestiam fatos muito caros, que tudo aquilo era um engano.

Eles rir-se-iam sobre aquilo, na cama, quando estivessem a dividir uma garrafa de champanhe pedida por Adrian.

Mas o único som que ela conseguia ouvir era os murmúrios chocados dos outros convidados. Mari não virou a sua cabeça, mas conseguia sentir a hostilidade e desaprovação dos seus olhares, perfurando as suas costas como adagas.

– Eu não consegui resistir. Ela... Eu amo a minha esposa, mas... Bom, olha para ela!

A última esperança de Mari desapareceu.

Cada palavra daquele homem era a mais pura verdade.

Ela era a outra. Não sabia disso até àquele momento, mas isso não diminuía a sua culpa excruciante e a vergonha que sentia. Nunca se sentira tão sozinha na sua vida. Pressionando a mão sobre o peito, respirou fundo para conter uma onda intensa de náusea. Quando é que Adrian lhe contaria? Depois, idiota.

Seb, sem se importar com o que Adrian ainda tinha para dizer, continuou a sua linha de acusação. A mulher que estava parada ali representava tudo o que desprezava, ainda que não tivesse controlo sobre o desejo pungente que o embargou novamente.

Enquanto a sua mente a rejeitava e desprezava, o seu corpo queria-a. Era preciso reconhecer a fraqueza para a controlar e Seb gostava de ter o controlo.

Sob controlo ou não, saber que ela estava parada ali, a parecer uma peça de porcelana prestes a partir-se, e que parte dele desejava confortá-la era como atirar sal para uma ferida aberta.

Ela poderia ter qualquer homem que desejasse e escolhera um canalha casado? Quando poderia ter... Quem? Seb?

Ele ignorou as palavras de troça que ecoavam na sua cabeça e fez uma nova investida, dessa vez, direcionada à mulher.

– Importa-se com o facto de ele ter uma esposa e filhos à espera dele em casa?

Mari encolheu-se diante do olhar inquisidor do homem, literalmente paralisada de culpa e tristeza.

O seu silêncio açoitou a raiva de Seb, aumentando-a, e vociferou com desdém:

– Esse relacionamento é apenas uma diversão para si? – indagou ele, abanando a cabeça e rosnando de indignação. – Ou é apenas porque pode fazê-lo?

Ela tremeu e Seb ouviu a sua respiração por cima do vento e da ladainha de desculpas que jorrava dos lábios de Adrian, dizendo a todos os que conseguiam ouvir como aquilo não era culpa dele, que era a vítima.

Com um gemido exasperado, Seb virou a cabeça e lançou um olhar gélido ao marido traidor. O outro homem engoliu em seco e lamentou.

– Não contarás a Alice, pois não? Ela vai ficar magoada e isto nunca mais acontecerá.

– Ena, és realmente uma peça, não és? – a atenção de Seb voltou para a rapariga. – Pensaste que se casaria contigo ou que era amor verdadeiro? – questionou ele, trocista. – Então, sendo assim, está tudo bem?

– Lamento muito.

O sussurro fez com que o autocontrolo que Seb lutava para manter cedesse perigosamente.

– Lamentas...? – interrogou, num tom de crítica, aproximando-se um pouco mais. – Pensas que isso melhora as coisas de algum modo, que torna as pessoas, cujas vidas maculaste, novamente felizes? Amor ou não, querida, o que fizeste transforma-te no pior tipo de mulher que existe... E para que conste, os homens levam esse tipo de mulheres para a cama, mas raramente, até onde sei, se casam com eles.

Cada palavra que aquele homem estava a dizer era verdade e fazia algo murchar e morrer dentro dela.

Com um último olhar horrorizado daqueles olhos azuis, Mari emitiu um soluço abafado, virou-se e correu, com o seu cabelo cor de fogo a flutuar atrás dela.

– Está simplesmente a ser cruel! – gritou uma senhora mais velha, de cabelo grisalho, dando voz ao que parecia ser, se aqueles olhares significavam alguma coisa, o consenso geral.

O problema era que Seb, que continuava a ver aqueles olhos azuis que se tinham ido embora, concordava com os presentes.