desj824.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Harlequin Books S.A.

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Divórcio desfeito, n.º 824 - Julho 2016

Título original: Marriage Terms

Publicado originalmente por Silhouette® Books

Publicado em português em 2008

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas

registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8573-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Se as coisas fossem à vontade de Amanda Elliott, Nova Iorque teria uma lei que abolisse os ex-maridos. Respirou fundo, curvou os dedos dos pés sobre o rebordo da piscina do Clube Desportivo Boca Royce e atirou-se de cabeça para a pista rápida.

Uma lei contra os ex-maridos que interferiam na vida de uma mulher. Esticou os braços e deslizou para diante, até voltar à superfície. Uma lei contra os ex-maridos que se mantinham sensuais e em forma durante mais de quinze anos. Deu uma braçada e moveu as pernas com ritmo, deixando a água fresca bloquear o mundo da sua mente. E uma lei contra os ex-maridos que abraçavam uma mulher, lhe sussurravam palavras apaziguadoras e faziam com que o seu mundo deixasse de girar sobre o eixo.

Fechou os olhos com força face a essa lembrança, dando braçadas até os seus dedos roçarem a parede da piscina no outro extremo. Então virou-se para fazer o caminho inverso.

E mais, dever-se-ia ditar uma lei contra os filhos feridos de bala em motins, filhos agentes do governo de forma secreta e filhos espias sem o consentimento da mãe.

Não seria difícil. Uma simples emenda no protocolo de admissões e nenhuma mulher teria de voltar a acordar um dia para descobrir que tinha dado à luz um James Bond.

O seu filho Bryan era um James Bond. Emitiu um risinho desesperado e quase engoliu água.

Por mais que tentasse, não podia imaginar Bryan com um passaporte falso, a guiar carros exóticos em países estrangeiros e a pulsar diminutos controlos remotos para explodir coisas. O seu Bryan adorava cãezinhos e pintar com os dedos, morria pelos bolinhos de coco com creme que só se vendiam na loja de Wong. Ainda bem que ia abandonar a espionagem. Prometera-o à esposa. Amanda fora testemunha. E Daniel também.

Falhou-lhe uma braçada. A imagem do seu ex não se apagava da sua mente.

Daniel reconfortara-a durante a longa noite que Bryan passara no bloco operatório. Fora o seu pilar, abraçando-a quando o terror ameaçava vencê-la. Às vezes, apertara-a com tanta força que mais de década e meia de ira e desconfiança entre eles se dissolvera e transformara em nada.

Reconciliação?

Virou-se de novo, voltando à superfície. Aumentou o ritmo, concentrando-se nas braçadas.

A reconciliação não era uma possibilidade. Nunca seria.

Porque Daniel era um Elliott dos pés à cabeça. E Amanda… não. O dilema Oriente-Ocidente não tinha tanto peso como isso.

A trégua acabara. Bryan estava recuperado. Daniel voltara à sua zona de Manhattan. E ela tinha que fazer a apresentação de preliminares perante o juiz Mercer na manhã seguinte.

A sua mão bateu na parede ao acabar outra piscina. «Cinco», contou mentalmente.

– Olá, Amanda – não soube de onde chegava a familiar voz de Daniel.

Fez um esforço para se colocar na vertical, limpou a água dos olhos e pestanejou para vislumbrar a imagem do seu marido. Perguntou-se o que estaria a fazer ali.

– Sucedeu alguma coisa ao Bryan?

– Não – Daniel negou com a cabeça rapidamente. – Não. Desculpa. O Bryan está bem – pôs-se de cócoras para que os seus olhos estivessem à mesma altura.

– Graças a Deus – Amanda suspirou de alívio, agarrando-se à beira da piscina.

– O Cullen disse-me que te encontraria aqui – disse ele.

– É algo com a Misty? – ela sentiu novo ataque de ansiedade ao ouvir o nome do outro filho.

– A Misty está bem – Daniel voltou a negar com a cabeça. – O bebé está a dar muita luta.

Amanda estudou-lhe a expressão. Parecia calmo e sereno. O que quer que o tirara do escritório a meio do dia, não era questão de vida ou morte.

Ela olhou para o seu peito musculoso e o fato de banho azul-escuro. Estava descalço e tinha um estômago que seria a inveja de qualquer homem com metade da idade. Secou-se-lhe a boca ao perceber que há dezasseis anos que só o via de fato de executivo. Tinha um corpo invejável.

– Então, que fazes aqui? – perguntou.

– Procurar-te.

Ela pestanejou de novo, tentando dar sentido às palavras. Se bem recordava, tinham-se despedido no casamento de Bryan e retomado as respectivas vidas.

Daniel deveria estar sentado à sua secretária de mogno no escritório da revista Snap, lutando com unhas e dentes com os filhos pelos lucros e quota de mercado. Quando batalhava pelo lugar de director da Elliott Publication Holdings, era uma catástrofe de proporções bíblicas tirá-lo do escritório em horário de trabalho.

– Queria falar contigo – esclareceu ele, com serenidade.

– Desculpa? – sacudiu a cabeça para tirar água dos ouvidos.

– Conversar. Tu sabes, isso que se faz para trocar informação e ideias.

Tirar a água dos ouvidos não tinha ajudado. Daniel procurava-a para conversar?

– Porque não tomamos algo? – ele sorriu e dobrou-se pela cintura para lhe oferecer a mão.

– Parece-me que não – afastou-se e retomou a natação.

– Sai da água, Amanda.

– Não, não.

Talvez ele parecesse saído de um anúncio da revista Músculos do mês, mas a força da gravidade ia ganhar a partida com o corpo dela.

– Faltam-me quarenta e cinco piscinas.

Cinquenta piscinas eram muito, mas estava disposta a aumentar o ritmo de exercício. Que Daniel chegasse ou não a vê-la em fato de banho tanto fazia, uma mulher tinha o seu orgulho.

– Desde quando cumpres os planos que traças? – Daniel cruzou os braços sobre o largo peito.

– Desde quando acabas de trabalhar antes das oito da noite? – perguntou ela. Se ele queria falar das suas fraquezas, ela não ia ficar atrás.

– É um intervalo para tomar café.

– Pois – concordou ela com cepticismo.

– O que quer dizer isso? – ele franziu a testa, adquirindo um aspecto imperioso, apesar do traje.

– Significa que não fazes intervalos para café.

– Mal nos vimos em quinze anos. Como sabes se faço ou não intervalos?

– Quando foi a última vez que tomaste um?

– Hoje – os olhos cor de cobalto dele escureceram.

– E antes deste?

Ele ficou em silêncio um momento, mas a comissura da sua boca curvou-se para cima.

– Eu sabia – salpicou-o com a água.

– Tenho de ir aí buscar-te? – disse ele, escapulindo-se da água.

– Vai-te embora – ela tinha que acabar o programa de exercícios e esclarecer as ideias. Estava muito bem apoiar-se em Daniel quando o filho estava em perigo de vida. Mas a trégua acabara. Era hora de cada um voltar à sua respectiva trincheira.

– Quero falar contigo – disse ele.

– Não temos nada que dizer – ela afastou-se pela pista.

– Amanda.

– Se o Bryan não está no hospital, e a Misty não está em trabalho de parto, eu e tu vivemos vidas separadas.

– Amanda – repetiu ele, mais alto.

– É o que diz a nossa sentença de divórcio – afastou-se. Ele seguiu-a ao longo da piscina, mas a água não a deixou ouvir todas as suas palavras.

– Eu pensei… então tu… fazer progressos…

Ela rendeu-se e começou a nadar de lado, olhando para o corpo longo e firme.

– Progressos em direcção a quê?

– Odeio quando te fazes de parva – ele semicerrou os olhos.

– E eu odeio que me insultes.

– Como te insultei?

– Chamaste-me parva.

– Disse que te fazias de parva – ele estendeu as mãos com frustração.

– Então chamaste-me intrigante.

– É necessário que façamos isto?

Pelos vistos, era. Ocorria sempre que estavam a menos de dez metros um do outro.

– Eu estive ao teu lado, Amanda.

Ela parou e a água chocou contra o seu pescoço. Parecia que já ia começar a usá-lo contra si.

– E tu ao meu – ele alçou as mãos à laia de rendição. – Eu sei. Eu sei.

– E já acabou. O Bryan está vivo… – falhou-lhe a voz ao dizer o nome do filho e inspirou com força. – E o Cullen está felizmente casado.

Daniel voltou a agachar-se e baixou a voz.

– E tu, Amanda? – as íris azuis dos seus olhos chisparam com o reflexo da água.

Não ia fazer isso. Não ia falar com Daniel sobre o seu estado emocional ou mental.

– Estou bem viva – respondeu com desplante. Mergulhou e continuou a nadar.

Ele continuou a andar ao longo da piscina, seguindo o seu ritmo e observando as braçadas.

Ela só podia pensar em se o seu traseiro estaria a sobressair da água ou se tinha o fato de banho mal colocado. Deteve-se no outro extremo e afastou o cabelo dos olhos.

– Vais já? – perguntou. Não estava disposta a fazer quarenta e quatro piscinas enquanto ele analisava a parte traseira das suas coxas.

– Quero falar contigo de um tema legal – disse ele.

– Liga para o meu escritório.

– Somos família.

– Não somos família – ela fez um movimento brusco, criando um remoinho. Já não eram.

– Temos de fazer isto aqui? – perguntou ele, olhando em redor.

– Eh, podes estar onde quiseres. Eu estava a nadar, sem me meter com ninguém.

– Vem tomar algo comigo – assinalou com a cabeça o terraço que dava para a piscina.

– Desaparece.

– Necessito da tua assessoria legal.

– Tens advogados contratados.

– Mas isto é confidencial.

– Faltam-me imensas piscinas.

– Não precisas delas – comentou ele, focando a silhueta que se via sob a água.

Ela perturbou-se. Mas logo se lembrou quão fácil lhe era tecer elogios. Começou a nadar crawl.

Ele caminhou até ao outro lado da piscina e estava ali à sua espera quando emergiu a cabeça.

– Podes ser um autêntico chato, sabias? – soltou um suspiro de frustração.

– Vá lá, continua. Eu esperarei.

– Prefiro que não – ela apertou os dentes.

Ele sorriu e ofereceu-lhe a mão.

 

 

Daniel temia que não caísse na armadilha. Então teria de encontrar outra forma de conversar com ela. Tinha umas quantas coisas a dizer-lhe. Nas últimas semanas assistiu ao seu frenético horário. Ouviu os telefonemas tardios. E viu como os clientes se aproveitavam dela.

Ela semicerrou os olhos, desconfiada, ele aproximou a mão e moveu os dedos, animando-a. Só queria captar a sua atenção por uns dias, talvez duas semanas. Depois ela estaria de novo encaminhada e sairia da sua vida para sempre.

Por fim, ela cedeu. Ele tentou ocultar um suspiro de alívio e puxou-a da água com suavidade.

Ele viu então as suas extremidades firmes e como o fato de banho damasco lhe cingia as curvas. Como utilizava roupa informal e larga, pensava que devia ter ganho peso. Mas não era assim.

Tinha uma figura assombrosa: cintura bem definida, ventre plano, seios cheios e redondos.

Uma quase esquecida pontada de desejo atingiu-o e cerrou o maxilar para se controlar. Se a incomodasse agora, ela fugiria. E então passaria o resto da vida a nadar depois do trabalho e a passear por Manhattan com calças caqui, blusas largas e sandálias de madeira.

Estremeceu com a imagem.

Mesmo que ela não estivesse disposta a admiti-lo, necessitava ampliar os seus círculos profissionais, procurar clientes prósperos e, santo Deus, vestir-se para o êxito.

– Um copo – advertiu ela, lançando-lhe um olhar de advertência.

– Um copo – aceitou ele, desviando o olhar da sua sedutora figura.

– Nem sequer te molhaste – disse ela olhando para o seu fato de banho e enrugando o nariz.

– Porque não vim nadar – pegando-lhe no cotovelo, conduziu-a para o vestiário.

A sua pele era suave e fresca, como os azulejos do chão. Ela parou à entrada do corredor e olhou-o. Quase viu como a sua mente calibrava a situação e formulava argumentos.

– Suponho que não estarias disposta a vestir-te no vestiário familiar, pelos velhos tempos? – disse ele, buscando uma distracção.

Os seus olhos cor de café cintilaram. Tal como ele pretendera.

Na verdade, não existia nenhum assunto legal. Fora uma desculpa para a tirar da piscina, e precisava de uns minutos para refinar os detalhes da mentira. Lançou-lhe um sorriso nostálgico.

– Os miúdos adoravam este lugar.

– O que é que tens? – inquiriu ela.

– Só dizia que…

– Sim, os garotos adoravam-no – ficou em silêncio um momento e os seus olhos suavizaram-se.

Ele também se perdeu em lembranças. Na sua mente, viu dois miúdos de cabelo escuro a escorregarem e a saltarem da prancha. Boca Royce era o único centro de ócio que Amanda e ele tinham podido custear nos seus anos de penúria, já que a família Elliott era sócia vitalícia. Bryan e Cullen tinham nadado ali sem descanso.

Lembrou o fim dos dias, quando as crianças estavam exaustas. Levavam-nas para casa, davam-lhes piza e deixavam-nas ver um filme. Depois de as deitarem, faziam amor o resto do serão.

– Tivemos bons tempos, não foi? – comentou com voz rouca.

Ela não respondeu, não o olhou. Sem dizer palavra, deu meia volta e desapareceu no corredor.

Melhor assim.

Estava ali para lhe dar uns conselhos básicos para encaminhar a sua vida profissional.

Tudo o demais era intocável. Muito intocável.

 

 

Amanda sentiu-se menos vulnerável com uns jeans velhos e uma blusa azul sem mangas. Penteou o cabelo húmido com os dedos e pôs batom transparente. Não costumava usar muita maquilhagem de dia, e não ia pô-la por Daniel. Também não ia secar o cabelo.

Pôs o saco desportivo amarelo ao ombro e subiu as escadas que levavam ao terraço.

Um copo rápido. Ouviria o que tinha a dizer, sugerir-lhe-ia alguém de preço muito mais elevado do que o seu e, talvez, depois visitasse um psicólogo.

Umas portas de carvalho davam acesso ao bar. Uma recepcionista pediu-lhe para mostrar o cartão de sócia. Antes que pudesse tirá-lo do saco, Daniel apareceu, impecavelmente vestido com um fato Armani. Deu-lhe o braço e fez um gesto com a cabeça à recepcionista.

– Não é necessário. É minha convidada.

– Tecnicamente, não sou – disse Amanda, enquanto ele a guiava. – Também sou sócia.

– Odeio que peçam o cartão – disse Daniel, apontando uma pequena mesa, perto da janela que dava para a piscina. – É de mau gosto.

– Não me reconhecem – justificou ela. Sabia que a recepcionista só cumpria ordens.

Daniel afastou uma das poltronas e Amanda sentou-se no coxim de couro.

– Talvez se…

Ela olhou-o por cima do ombro e ele fechou a boca e foi para o outro lado da mesa. Quando se sentou, apareceu um empregado vestido com fato escuro.

– Posso trazer-lhe algo, senhor?

Daniel arqueou uma sobrancelha, olhando para Amanda.

– Sumo de frutas – pediu ela.

– Temos uma mistura de laranja e manga – sugeriu o empregado.

– Parece-me bem.

– E para si, senhor?

– Um Glen Saanich com gelo. Rótulo amarelo.

– Muito bem – com uma inclinação de cabeça, o empregado desapareceu.

– Deixa-me adivinhar – disse ela, que não estava disposta a deixar passar o insulto. – Ias dizer que se me vestisse de executiva, ninguém me pediria o cartão.

– O vestuário faz a mulher – disse ele, sem se incomodar a contradizê-la.

– A mulher faz a mulher – replicou ela.

– Um fato de executivo e uns sapatos de salto dar-te-iam muita credibilidade.

– Visto-me assim para ir a tribunal, não para entrar em clubes exclusivos.

– Como planeias o teu vestuário? – perguntou Daniel, observando-lhe o rosto.

– De acordo com a minha vida e o meu trabalho. Tal como todo o mundo.

– És advogada.

– Sou consciente disso.

– Amanda, as advogadas normalmente…

– Daniel – advertiu ela. Fosse o que fosse de que iam falar, o seu vestuário não estava incluído.

– Só digo que passes por uma boutique. Que marques uma ida a um salão…

– O meu cabelo?

– És uma mulher muito bela, Amanda – disse ele após uma leve pausa.

– Pois – rezingou ela. Só era pena que usasse roupa feia e um mau corte de cabelo.

– Falo de um par de blasers e uns retoques.

– Para que não me peçam o cartão no Boca Royce?

– Não é só o cartão, e sabe-lo bem.

Ela endireitou as costas. Talvez não fosse. Mas não era assunto dele.

– Já chega, Daniel.

Inesperadamente, ele ergueu as mãos em gesto de rendição. Segundos depois esboçou um sorriso de desculpa. Porém, render-se tão facilmente não a satisfez, o que era ridículo.

O empregado reapareceu com as bebidas e uma carta de entradas e aperitivos.

– Tens fome? – perguntou Daniel, abrindo-a.

– Não – respondeu ela. Por nada iria prolongar a cena partilhando sushi com ele.

– Poderíamos pedir uns canapés.

Ela negou com a cabeça.

– Pronto, eu conformar-me-ei com o uísque.

Amanda olhou o caro líquido âmbar, lembrando-se em quem se tinha transformado ele. Tinha passado muito tempo desde a última vez que lhe serviu uma lata de cerveja.

– Uísque de trinta dólares o copo? – perguntou.

– Que tem de mal o uísque? – disse ele, fechando a ementa e deixando-a de lado.

– Bebes cerveja alguma vez?

– De vez em quando – encolheu os ombros.

– Refiro-me a cerveja de tomar em casa.

Ele ergueu o copo e as pedras de gelo chocaram contra o fino cristal.