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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Kim Lawrence

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Apaixonada pelo inimigo, n.º 943 - Setembro 2016

Título original: The Carides Pregnancy

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8835-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Epílogo

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Capítulo 1

 

O controlo que Carl Stone exercia sobre o seu império financeiro era total, mas não conseguia exercer o mesmo controlo sobre o clima.

Era o dia do casamento da sua única filha e a meteorologia previra neve. E as nuvens que havia no céu pareciam confirmar a previsão.

E a previsão confirmou-se, enquanto os convidados começavam a chegar com os seus vestidos e chapéus de marca, as suas peles e as suas jóias para assistir àquele que fora considerado como o casamento do ano.

Apenas um homem parecia não estar muito contente por estar ali. Estava um pouco afastado dos outros, com uma mão metida no bolso das suas calças e apoiado contra o muro. Parecia alheio ao frio e à neve que começava a pousar sobre o seu cabelo preto e nos ombros do fato elegante.

Mas se a expressão do seu rosto atraente sugeria alguma coisa, era um intenso aborrecimento. A sua expressão sombria mudava ocasionalmente quando respondia à saudação de algum amigo ou familiar que passava por ali.

Uma jovem impressionável que foi testemunha de um daqueles momentos estranhos declarou com ardor que estaria disposta a vender a sua alma se um daqueles sorrisos fosse para si. A sua irmã, mais prática, disse-lhe que gostaria de ter algo mais do que apenas um sorriso.

– Jocasta… India… comportem-se, meninas – disse a mãe das jovens, que também olhou de uma forma disfarçada e nostálgica para a figura enigmática com rosto de anjo cansado antes de empurrar com delicadeza as suas filhas para que entrassem na igreja.

Se os outros convidados não soubessem quem era, pensariam imediatamente, devido ao seu aspecto, que pertencia à lista de convidados do noivo. «Tipicamente grego», teriam dito ao observar o seu cabelo preto, a sua pele morena e um perfil tal e qual o de uma estátua grega.

Mas a questão sobre a sua identidade não chegou a surgir, pois quase não havia ali ninguém que não o conhecesse.

Christos Carides, chefe do império Carides, era tão reconhecido pelos outros convidados como o seu anfitrião. Segundo alguns era até mais rico… e não havia dúvida de que tinha melhor aspecto!

Apesar das aparências, Christos estava com frio, pois acabava de passar um mês na Austrália a desfrutar do sol. O ar que soprava era tão cortante como a relação que tinha com o seu primo… o noivo.

Uma expressão de desprezo distorceu por um momento o contorno perfeito dos seus lábios sensuais enquanto pensava no seu primo Alex.

Naquele momento, um jovem saiu de um lado do edifício e suspirou aliviado ao localizar Christos, para quem se encaminhou rapidamente.

– Sou Peter, o padrinho de casamento – disse quando parou diante do empresário grego.

– Sim, lembro-me de ti. És o afilhado de Carl, não és?

Peter assentiu.

– Escolheram-me para padrinho depois…

– Depois de eu ter recusado – concluiu Christos por ele.

– É verdade e não sabe como fico contente por o ver.

– E eu fico contente por ti – disse Christos num tom irónico. – Em que posso ajudar-te?

– Tem de vir comigo!

Christos afastou-se sem pressa do muro.

– Tem mesmo de ser? – murmurou educadamente.

O jovem parou de sorrir.

– Alex está a perguntar por si. Por favor, senhor Ca… Carides – balbuciou o jovem padrinho. – Não sei o que fazer. Parece um traste e se o tio Carl o vê naquele estado vai haver chatices. Ontem à noite bebeu o suficiente para afundar um navio. Não está em si.

Christos não pareceu surpreendido. De facto, ter-se-ia surpreendido se o seu primo não tivesse preparado alguma. Em momentos de tensão, e casar-se com a herdeira de um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha podia qualificar-se como tal, o seu primo recorrera sempre a alguma escapatória.

– Quando conheceres Alex um pouco melhor vais ver que ele é assim mesmo.

Comprovaria que, por baixo do encanto que tinha de vez em quando, Alex era um homem essencialmente fraco e, como muitos homens inseguros, tinha tendência para ser malicioso e manipulador quando se sentia frustrado.

O jovem padrinho pareceu desconcertado com a resposta.

– Acho que não entende. Mal consegue manter-se de pé e está… a chorar.

Christos pressupôs que para aquele jovem inglês o mais vergonhoso de tudo era aquelas lágrimas masculinas.

– E porque é que isso devia preocupar-me?

A expressão do jovem traiu o seu espanto perante a resposta de Christos.

– Não pensa ajudá-lo?

– Não.

Em circunstâncias normais, o jovem não se teria atrevido a manifestar o que pensava a alguém como Christos Carides, mas aperceber-se de que ia ter de enfrentar o problema sozinho deu-lhe incentivo para o fazer.

– Quando Alex disse que o senhor era um ser miserável e insensível cometi o erro de duvidar!

Christos sorriu friamente.

– Claro, cometeste um erro. Mas se queres um conselho, enfia-lhe a cabeça num balde de água gelada e depois obriga-o a beber vários cafés. Mas não te preocupes demasiado – acrescentou. – Alex tem uma constituição de aço. E agora, se me dás licença, estou à espera de uma pessoa – disse, fazendo um gesto com a cabeça para que se afastasse.

O padrinho afastou-se uns passos e olhou para ele com uma expressão ressentida.

– O tio Carl tem razão. Talvez o senhor e o resto dos Carides se considerem superiores aos outros, mas quando chega o momento da verdade comportam-se como verdadeiros piratas, não têm moral, escrúpulos nem maneiras.

Christos sorriu.

– Isso é uma provocação?

O tom brincalhão das suas palavras fez com que Peter, que não parecia especialmente robusto, desejasse recorrer à violência. Mas não o fez, é claro. Estava zangado, mas não estava louco.

Enquanto tentava acalmar-se reparou que começavam a ser observados. Cerrando os dentes, virou-se e afastou-se com toda a dignidade que conseguiu.

Reconfortava-o saber que estava por perto uma convidada que teria aplaudido os seus comentários sobre o carácter dos Carides… e que teria acrescentado algumas observações por sua conta!

 

 

Becca Summer aproximou-se do cordão de segurança entre os outros convidados. Tinha a garganta tão seca por causa dos nervos que nem teria conseguido pronunciar duas palavras seguidas, e se o tivesse feito, o mais provável era que nem ela mesma tivesse conseguido fazer-se ouvir por cima dos batimentos acelerados do seu coração. Mas há seis semanas não teria acontecido o mesmo.

De facto, há seis semanas estava especial e expressiva!

– Estes Carides deixam-me doente! – declarou. – Acham que por terem poder e dinheiro podem fazer o que quiserem sem se importarem com quem magoam – olhou para a sua irmã Erica e teve de pigarrear para conter a sua emoção.

– Não faz sentido que te zangues, Becca – disse Erica num tom apagado.

– Dizes para não me zangar… e vingar? – questionou Beca ironicamente.

– Vingares-te? – Erica riu-se. – Estás a falar a sério? Estamos a falar dos Carides.

– Por acaso pensas que as pessoas como eles podem fazer o que lhes apetece?

– Sei que podem fazê-lo.

A resposta sombria de Erica fez com que os olhos de Beca se enchessem de lágrimas.

– Um dia hei-de ensinar-lhes que não podem passar por cima das pessoas sem sofrerem as consequências! Garanto-te.

Aquelas palavras foram pronunciadas no calor do momento e, no fundo, Becca nunca acreditara que aquela oportunidade fosse surgir, mas ali estava, prestes a contribuir para que se fizesse justiça.

E já estava a lamentá-lo!

Becca reparou que um convidado estava a observá-la e tirou rapidamente a fita que tinha na cabeça, nada adequada para um casamento tão fino como aquele. Passou uma mão pelo cabelo e agitou os seus caracóis, deixando que caíssem sobre o tecido escuro do seu casaco.

«Não desistas, Becca», disse para si e sorriu ao pensar que o trabalho de agente segredo não era exactamente para si.

Parte do problema era que, além de assustada, estava esgotada. Algo que não era surpreendente, já que passara a noite a conduzir para chegar até ali. A adrenalina e a indignação podiam levar uma irmã mais velha muito longe.

Para cúmulo ficara sem gasolina e tivera de caminhar cinco quilómetros até à bomba de gasolina mais próxima… sob a neve. E não era habitual que nevasse em Novembro.

Quando tudo aquilo acabasse seria um prazer voltar a ser a Becca razoável e precavida de sempre!

Ser temerária não fazia o seu género. De facto, a sua falta de capacidade para se mostrar espontânea fora uma das razões que Roger apontara para dar o seu compromisso por terminado.

A sua família e amigos apoiaram-na quando, uma semana depois de terminar com ela, apareceu na imprensa local o compromisso de Roger com uma loira espampanante. Consciente de que deveria ter-se sentido mais traumatizada pelo que acontecera, Becca recebeu as amostras de compaixão com um certo sentimento de culpa. Passado umas semanas, o papel de vítima patética começou a ser cansativo.

Quando comentou aquilo com a sua irmã Erica, esta disse:

– Não te preocupes… daqui a duas semanas terão outro escândalo suculento para falar.

Nenhuma das duas podia suspeitar então que seria Erica o alvo do escândalo!

Erica contou à família sobre a sua gravidez inesperada no mesmo dia em que a ambulância a foi buscar à casa de estilo vitoriano onde tinham crescido ambas as irmãs.

Mas fora demasiado tarde para salvar o bebé.

Mais tarde, com a promessa de que Erica teria alta no dia seguinte se não surgissem complicações, os membros da família Summer sentaram-se na sala de estar olhando uns para os outros sem dizer nada.

Consciente de que os seus pais, já mais velhos, estavam ainda comovidos, Becca fez a única coisa que lhe ocorreu naquele momento: preparou um chá.

– Só tem dezoito anos – estava a sua mãe a dizer quando voltou com a bandeja.

– Talvez seja melhor assim.

– Melhor? Como podes sugerir que perder um filho seja algo positivo? – perguntou Elspeth ao seu marido, cheia de raiva.

– Só estava a pensar que, conhecendo a nossa Erica, de certeza que serias tu e Becca a terem de tratar do bebé – respondeu ele, esboçando um sorriso.

A sua esposa devolveu-lhe o sorriso.

– Sei ao que te referias, querido – disse ao mesmo tempo que apertava a sua mão com afecto. – Mas se tivéssemos sido mais duros com ela…

Aquilo foi o começo de um rol de auto-recriminações. Mas Becca sabia que os seus queridos pais não tinham nada que se recriminar. Ao ouvir aquela conversa, envergonhou-se de ter estado prestes a desistir do seu plano ao ver o tipo de casamento que tinha intenção de interromper. Ficou com uma expressão tensa. Esperava que houvesse uma série de pessoas com a câmara de vídeo ligada!

Endireitou-se, sorriu com confiança e, depois de apanhar do chão um alfinete de flores que alguém deixara cair, prendeu-o na lapela do seu casaco. Pensava fazer com que o casamento social da década não decorresse sem complicações.