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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Penny Jordan

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O duque italiano, n.º 2128 - novembro 2016

Título original: The Italian Duke’s Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9187-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Não se ia comportar como uma menina pequena e começar a chorar, disse Jodie a si mesma. Cada vez estava mais escuro, e o seu estômago encolhia-se de medo ao pensar que se enganara no caminho no último cruzamento. Há séculos que passara pela última vila. Naquela noite devia estar com John no hotel romântico que tinham escolhido para passar a sua lua-de-mel, a sua primeira noite como marido e mulher, mas… não ia chorar. Nem naquele momento, nem nunca mais. Por nenhum homem. O amor saíra da sua vida e do seu vocabulário, e assim teria de continuar.

Fez uma careta quando o carro se afundou num buraco da estrada, uma estrada que subia para as montanhas e não descia para a costa, como deveria.

O seu primo e a mulher dele, os seus únicos parentes próximos desde a morte dos seus pais num acidente de viação quando Jodie tinha dezanove anos, tentaram dissuadi-la de empreender aquela viagem a Itália.

– Mas já está paga – recordara-lhes ela. – Além disso…

Além disso, queria estar fora do país enquanto John, o seu ex-noivo preparava o seu casamento com Louise, que ocupara o lugar de Jodie no seu coração, na sua vida e no seu futuro.

Não contara o verdadeiro motivo ao seu primo David nem a Andrea, a sua mulher; sabia que teriam tentado convencê-la a ficar em casa. O pior era que ficar em casa significava ficar na pequena vila de Cotswolds, onde toda a gente sabia que o seu noivo a deixara um mês antes do casamento porque se apaixonara por outra pessoa. Ninguém, com um mínimo de orgulho, acharia piada a uma situação assim. E ela tinha tanto orgulho como qualquer pessoa, se não mais. Tanto que o que mais desejava era mostrar a todo o mundo, mas especialmente a John e a Louise o pouco que lhe importava a sua traição. Certamente, o modo mais eficaz de o fazer era aparecer no seu casamento com outro homem, mais rico e mais bonito que John, e que além disso a adorasse. Oh, se pudesse…

Nem em sonhos, disse para si mentalmente. Aquilo era quase impossível.

– Jodie, não podes ir sozinha para Itália! – protestara David, enquanto trocava um olhar muito significativo com Andrea. Provavelmente naquele momento estavam na Austrália, a visitar os pais de Andrea.

– Porquê? – perguntou ela com amargura. – Afinal de contas, é assim que vou passar o resto da minha vida.

– Jodie, nós sabemos que estás a passar um momento difícil – acrescentara Andrea com doçura. – Eu e David temos muita pena pelo que aconteceu, mas comportares-te deste modo não vai ajudar.

– Claro que ajuda – respondeu Jodie, teimosa.

 

 

Passar a lua-de-mel a explorar a bela costa italiana fora ideia de John.

Jodie fez uma careta quando o carro de aluguer caiu noutro buraco. A estrada estava em muito más condições e a condução tornava-se cada vez mais complicada.

A perna começava a doer-lhe bastante, e começava a arrepender-se de não ter passado a primeira noite mais perto de Nápoles. Onde estaria? Suspeitava que muito longe de onde devia estar. Fora-lhe impossível seguir as direcções que lhe tinham dado para encontrar a pequena povoação costeira onde pretendia alojar-se naquela noite, pois nem todas as estradas apareciam no seu mapa turístico. Se John estivesse ali, nada daquilo teria acontecido, no entanto, John já não estava com ela, nem ia voltar a estar.

Não devia pensar no seu ex-noivo e, menos ainda, no facto de ele ter deixado de gostar dela e ter-se apaixonado por outra mulher, ou ainda, no facto de ele se ter encontrado com essa mulher nas suas costas, e toda a vila, excepto ela, ter conhecimento do caso. Louise, segundo as amigas de Jodie, deixara claro desde o primeiro momento que estava interessada em John, desde que os seus pais se tinham mudado para a vila. E Jodie, como uma parva, não se apercebera, pensando que Louise, como recém-chegada à vila, estava desejosa de fazer amigos. Agora ela é que era a «estranha», disse Jodie para si com amargura. Devia ter percebido como John era superficial quando lhe dissera que a amava «apesar da sua perna». Ela fez uma careta ao sentir que a dor se intensificava.

Nunca mais voltaria a cair na mesma armadilha. A partir daquele momento, o seu coração seria imune ao amor, mesmo que com vinte e seis anos tivesse de enfrentar uma vida inteira de solidão.

O pior de tudo era que John sempre lhe parecera sincero, amável e digno de confiança, tanto que o deixara entrar na sua vida e lhe contara todos os seus medos e angústias. Não estava disposta a arriscar-se a que outro homem a tratasse como John: primeiro prometia-lhe amor eterno e pouco tempo depois…

Obviamente, fazia um bom par com Louise; os dois eram mentirosos e traidores. Contudo, ela, por cobardia, não conseguia pensar em voltar para casa enquanto o casamento não acontecesse, todo o rebuliço passasse e as pessoas parassem de olhar para ela com compaixão e parassem de falar dela nas suas costas.

– Tens de ver o lado bom da situação – dissera-lhe Andrea quando se convencera de que Jodie não voltaria atrás na sua decisão. – Nunca se sabe… talvez conheças alguém em Itália e se apaixonem perdidamente. Além disso, os homens italianos são tão atraentes e apaixonados…

Os homens italianos, tal como os de outras nacionalidades, estavam fora da sua mente naquele momento, disse Jodie para si, furiosa. Não queria ter nada a ver com homens, casamento, amor, nem nada parecido.

Zangada, Jodie pisou o acelerador. Não fazia ideia de onde a levaria aquela estrada cheia de buracos, porém, não estava disposta a dar a volta. A partir daquele momento, não haveria retrocessos na sua vida, e isso incluía olhar para o passado com tristeza ou lamentar-se por não estar a viver a vida que planeara. Tinha de enfrentar o futuro com firmeza.

David e Andrea tinham sido muito amáveis ao oferecer-lhe um quarto na sua casa, já que ela vendera a sua casa de campo para poder comprar outra com John. Agora percebia que aquele passo não fora muito inteligente. E também não podia viver com o seu primo e a sua esposa para sempre.

Por sorte, John devolvera-lhe o dinheiro, contudo, a ruptura do seu compromisso também implicara que perdesse o emprego; ela trabalhava na empresa do pai de John, que ficaria a seu cargo quando o seu pai se reformasse.

Portanto, não tinha nem casa nem trabalho, e estava…

Deu um gritinho quando a roda dianteira bateu de forma violenta contra algo duro. Quanto tempo mais teria de seguir por aquela estrada? Fizera uma reserva num hotel para aquela noite, porém, segundo os seus cálculos, já devia ter chegado. Onde demónios estava? A estrada continuava a subir…

 

 

– Suponho que tu sejas a responsável por isto, certo? Tem a tua marca de manipulação e destruição, Caterina – Lorenzo Niccolo d´Este, duque de Montesavro, acusou violentamente a mulher do seu primo, ao mesmo tempo que punha o testamento da sua avó sobre a mesa.

– Se a tua avó teve em conta os meus sentimentos ao redigir o seu testamento foi porque…

– Os teus sentimentos! – interrompeu-a Lorenzo, amargamente. – E que sentimentos são esses? São os mesmos que conduziram o meu primo à sua morte? – não tentou esconder, nem por um momento, o desagrado que aquela mulher lhe produzia.

No rosto perfeitamente maquilhado de Caterina apareceram duas manchas vermelhas.

– Eu não provoquei a morte de Gino. Ele teve um ataque de coração.

– Sim, devido ao teu comportamento.

– Seria melhor que parasses de me acusar, ou então…

– Atreves-te a ameaçar-me? – perguntou ele. – Talvez tenhas conseguido enganar a minha avó, mas comigo não será assim tão fácil.

Virou-lhe as costas e começou a andar para cima e para baixo sobre as lajes de pedra da grande sala do castelo, como um animal enjaulado.

– Admite-o – desafiou-a, virando-se para ela. – Manipulaste uma idosa moribunda para obteres o que querias.

– Sabes que não quero discutir contigo, Lorenzo! – protestou Caterina. – A única coisa que quero…

– Eu sei o que queres – recordou-lhe ele, friamente. – Queres o privilégio, a posição e a riqueza que te daria se fosses minha esposa. Por isso convenceste a minha avó a mudar o seu testamento. Se tivesses um pingo de compaixão, só um pingo… – calou-se, enojado. – Mas é óbvio que não tens, como eu já sabia.

A sua reacção furiosa conseguiu apagar o sorriso dos lábios da mulher, ao mesmo tempo que o seu corpo ficava tenso e abandonava todo o ar de inocência fingida.

– Podes acusar-me de tudo o que quiseres, mas não tens provas de nada – avisou-o ela.

– Talvez não tenha provas para apresentar num tribunal, mas isso não altera a verdade. O notário da minha avó disse-me que, quando ela lhe telefonou para modificar o testamento, confiou-lhe a razão pela qual o fazia.

Lorenzo viu aparecer no seu olhar um brilho triunfal.

– Admite, Lorenzo, eu venci. Se quiseres o castelo, e os dois sabemos que queres, terás de te casar comigo. Não tens outra opção – e deitou a cabeça para trás para soltar uma gargalhada.

Lorenzo sentiu um desejo quase incontrolável de lhe apertar a garganta com as mãos até afogar aquelas gargalhadas.

Ele desejava o castelo, e muito, e estava tão decidido a ficar com ele como a não ser apanhado num casamento com Caterina.

– Disseste à minha avó que eu te amava e que queria casar-me contigo. Disseste-lhe que, como tu és viúva há pouco tempo e o teu marido era meu primo, as pessoas falariam mal de nós, mas que receavas que eu me deixasse levar pela paixão e que me casaria de qualquer forma, atraindo muitas inimizades, não foi? – acusou-a. – Sabias que a minha avó era muito inocente e que ignorava os costumes modernos. Enganaste-a fingindo que estavas preocupada comigo e «ajudaste-a» a encontrar uma solução, mudando o seu testamento. Assim, em vez de herdar o castelo dela, como ela tinha deixado previamente estipulado, só o posso herdar se me casar num prazo de seis semanas depois da sua morte. Como tu lhe disseste, toda a gente sabe como o castelo é importante para mim, e isso, aos olhos das outras pessoas, justificaria que me casasse contigo. Como se isso não fosse suficiente, se eu não me casar, tu serás a herdeira do castelo.

– Não tens nenhuma prova de tudo isso – repôs ela, displicentemente.

No entanto, Lorenzo sabia que não estava enganado.

– Como te disse, a minha avó confiou os seus pensamentos ao notário – continuou friamente. – Infelizmente, quando ele conseguiu alertar-me para o que estava a acontecer, já era tarde.

– Demasiado tarde para ti – ela sorriu.

– Portanto reconhece-lo?

– O que é que isso interessa? Não podes provar nada – repetiu Caterina. – E se pudesses, também não serviria de nada.

– Vamos deixar as coisas bem claras, Caterina. Tanto faz o que a minha avó tenha deixado escrito no seu testamento: tu nunca serás minha mulher. És a última mulher a quem daria o meu apelido.

Caterina desatou a rir-se.

– Não tens outra opção.

Lorenzo tinha reputação de ser um adversário extraordinário, o tipo de homem que outros temiam e respeitavam, e que todas as mulheres sonhavam seduzir; era bonito, com uma combinação de arrogância e agressividade que o transformava num ser sexual perigoso, e isso era algo que ele encarava com naturalidade. Era o solteiro mais cobiçado de toda a Itália e as revistas cor-de-rosa tentavam adivinhar qual seria a jovem da alta sociedade a tornar-se sua mulher. Certamente, não lhe faltavam voluntárias para partilhar a sua riqueza e o seu título, e desfrutar de um homem tão vigorosamente sensual, no entanto, ele conseguira chegar aos trinta anos sem se comprometer formalmente com uma mulher.

Lorenzo olhou para a esposa do seu falecido primo. Desprezava-a profundamente, contudo, era um sentimento que a maioria das mulheres lhe provocava. Por experiência própria sabia que estavam dispostas a dar-lhe tudo em troca do que ele tinha, e por isso é que o perseguiam: o seu aspecto físico, a sua riqueza e o seu título. O que ele era na verdade não lhes interessava tanto como o seu dinheiro ou a sua posição social

– Não tens outra hipótese, Lorenzo – sussurrou Caterina. – Se quiseres o castelo, terás de te casar comigo.

Lorenzo expressou um duro sorriso.

– Tenho de me casar, certo – aceitou, – mas não há nenhuma cláusula que diga que tem de ser contigo. Parece que não leste o testamento da minha avó detalhadamente.

Ela ficou pálida e os seus olhos traíram-na evidenciando alguma confusão.

– O que queres dizer? Claro que o li. Fui eu que o ditei! Eu…

– Repito-te que não leste o testamento que a minha avó assinou – disse-lhe Lorenzo. – Nele diz que tenho de me casar num prazo de seis semanas após a sua morte, se quiser herdar o castelo, mas não especifica com quem tenho de me casar.

Caterina ficou a olhar para ele, incapaz de esconder a sua raiva. A beleza, que a transformara numa modelo famosa na sua juventude, desapareceu do seu rosto e ficou à vista a fealdade da sua verdadeira natureza.

– Não, isso não pode estar correcto. Modificaste-o… tu e aquele notário… Onde é que diz isso? Mostra-me.

Ela apressou-se a agarrar no testamento e leu-o com o rosto descomposto.

– Mudaste-o… Ela queria que te casasses comigo! – estava quase histérica.

– Não – Lorenzo abanou a cabeça. – A minha avó queria dar-me o que ela achava que eu queria. E isso, na verdade, não és tu.

Lorenzo estava debaixo do impressionante candeeiro e os seus movimentos transformavam-se em clarões e sombras sobre as paredes da sala.

O castelo fora desenhado mais como uma fortaleza do que como um lar, algum tempo antes de os duques de Montesavro o arrebatarem aos seus rivais e cobrirem as suas paredes com tapeçarias que tornavam as suas estadias menos frias. No entanto, ainda permanecia no edifício um ambiente de escuridão que se via reflectido na personalidade de Lorenzo.

O seu corpo era como o do príncipe de quem herdara o apelido; os ombros largos, os lábios finos, quase cruéis, mas igualmente desejados pelas mulheres. No entanto, os seus olhos eram o seu traço mais apelativo, muito claros para um italiano, brilhantes, e sempre dispostos a baixar as defesas dos seus inimigos com um olhar. Tinha o cabelo curto e escuro, e cuidava ao máximo do seu vestuário. A sua riqueza não provinha de heranças, mas do seu próprio trabalho.

Alguns diziam que tanto sucesso era devido a estranhas manobras de poder, porém, Lorenzo não tinha tempo para esse tipo de coisas. Ganhava dinheiro usando a sua inteligência, investindo no momento adequado, e isso, somado à fortuna herdada dos seus pais, transformavam-no num dos homens mais ricos do país.

Era a sua posição financeira que o diferenciava do seu primo Gino, que deixara que a sua ambiciosa mulher o arruinasse. A sua ambiciosa viúva, disse Lorenzo para si raivosamente, embora Caterina nunca se tivesse comportado como tal, nem como uma esposa.

Gino amara-a com loucura. Lorenzo passou a mão pela testa suada… sentimento de culpa? Fora a sua amizade com Caterina que atraíra a atenção de Gino para ela.

Lorenzo tinha dezoito anos e ela vinte, e seduzira-o sem problemas. Ele não demorou a reconhecer a sua verdadeira natureza quando ela começou a insinuar que esperava que «recompensasse» os seus favores sexuais com presentes caros. Ele acabara com aquela aventura imediatamente.

Lorenzo estava na universidade quando ela conquistara o coração de Gino, mais inocente do que ele, e quando voltara para a ver, tinha o anel de compromisso que Gino lhe oferecera. Apesar das suas advertências, Gino não quisera ouvir os seus conselhos, e acusara-o de estar com ciúmes. Aquela fora a sua primeira discussão.

Depois disso, Lorenzo e o seu primo reconciliaram-se, contudo, Gino nunca deixou de amar a sua mulher, mesmo tendo sofrido com a sua infidelidade desde o começo.

– Onde vais? – perguntou Caterina ao ver que Lorenzo se afastava.

Do outro lado da sala, ele virou-se para olhar para ela.

– Vou procurar uma esposa – disse-lhe. – Uma qualquer desde que não sejas tu. Podias ter-me avisado de que a minha avó estava prestes a morrer, mas escolheste não o fazer, e sabes muito bem porquê.

– Não te podes casar com outra. Não o permitirei.

– Não me podes impedir.

Ela abanou a cabeça.

– Não encontrarás outra mulher, Lorenzo. Ou pelo menos, não o tipo de mulher que esteja disposta a aceitar casar-se em tão pouco tempo. És demasiado orgulhoso para te casares com uma mulher do povo sem uma condição social elevada e, além disso… – calou-se e olhou para ele fixamente. – Se for necessário, contarei a toda a gente sobre o filho que carregava na minha barriga e que tu me obrigaste a abortar.

– O filho do teu amante – recordou-lhe ele. – Não de Gino. Foste tu mesma a admiti-lo.

– Mas eu direi às pessoas que era teu filho. Afinal, todos sabem que Gino achava que tu estavas apaixonado por mim.

– Devia ter-lhe dito o quanto te odiava.

– Ele não teria acreditado – repôs Caterina. – Tal como não teria acreditado que o menino não era dele. Como te sentes por teres arrebatado a vida de um bebé, Lorenzo?

Ele deu um passo na direcção dela, com os olhos repletos de fúria, e ela correu para a porta e saiu.

Lorenzo praguejou, entre dentes, e voltou a pegar no testamento da sua avó.

Quando o notário entrara em contacto com ele e lhe transmitira os seus receios, ele sentira-se invadido pela raiva. O notário contara-lhe como tinha eliminado o nome de Caterina, mantendo a condição de Lorenzo se casar para poder herdar, mas não especificamente com ela.

O notário desculpou-se com Lorenzo por não ter feito o correcto, contudo, Lorenzo tranquilizou-o rapidamente. Sem aquela pequena interferência, Caterina teria ganhado. Ela tinha razão numa coisa: Ele queria o castelo e ia tê-lo.

O que tinha de fazer naquele momento era sair dali antes de fazer alguma coisa que depois lamentasse. Foi para o pátio onde já não conseguia cheirar o perfume da traição de Caterina.